Cornélio, um comandante da Cesaréia, porto da Palestina romana, um homem muito religioso, certo dia teve uma visão. Um esplendoroso anjo apareceu-lhe na hora das orações para dizer-lhe que ali perto, na vila de Jope, estava Pedro, um enviado do Senhor, a quem seria bom ele mandar chamar. Ciente de que um judeu não poderia freqüentar a casa de um gentio, o apóstolo mesmo assim não negou-se ao convite, pois, como ele disse, "nenhum homem deve ser considerado profano ou impuro". O romano aproveitou então para reunir os seus familiares para poderem beber a santa preleção daquele homem que havia privado com o filho de Deus.

          Estava Pedro narrando a missão de Jesus quando, por um instante, de surpresa, viu que o Espírito Santo derramou-se sobre todos os presentes, sendo-lhe indiferente serem eles judeus ou gentios. Os seguidores de Pedro se espantaram. Não imaginaram que essas coisas inexplicáveis, tais manifestações do maravilhoso, tão comuns entre os hebreus, pudesse contemplar os de fora da Palestina. Tempos antes, no Pentecoste, Pedro verificara um fenômeno semelhante num encontro em Jerusalém quando sua gente, num repente, tocada por um sopro divino, expressou-se em línguas que não conheciam. Atraíram então muitos visitantes ao círculo cristão, judeus de outras nações, espantados em poderem ouvir tão longe de casa o idioma pátrio. Outra vez, um grupo de galileus que privara com Jesus, ao subirem numa das montanhas que cercavam o Lago Tiberíades, onde o Salvador tanto pregara, imaginaram ver o seu espectro divino traçado em pleno ar. Do alto de um cume, com ao braços bem abertos abrangendo toda a terra que dali se avistava, assegurou a eles que o futuro lhes pertencia. Para Pedro, esses sinais do Espírito Santo e a aparição do Senhor eram a evidência de que a boa nova não deveria ficar circunscrita só aos da terra e à língua aramaica.