As Folias do Divino

    "Os preparativos para as festas do Espírito Santo iniciavam-se com grande antecedência, indicando que chegara o "tempo do Divino". No sábado de Aleluia, véspera do domingo de Páscoa, era erguido o mastro simbólico, com a pomba no topo, que serviria de "pau-de-sebo" posteriormente, nas brincadeiras da festa. Conta Vieira Fazenda que, a partir daquela época, saíam das igrejas de Mata-Porcos, Santana, Santa Rita e Lapa do Desterro as famosas folias, recolhendo donativos e anunciando as festas. Percorriam a cidade, com a bandeira do divino e o imperador em destaque, distribuindo muita alegria, ..." 

    "Acompanhando o grupo, além de "bandos de vadios e desocupados", estavam sempre presente a fanhosa música dos barbeiros, composta geralmente de escravos negros ..."

    "Ao se ouvir a música ao longe, todos corriam às janelas para ver a folia, que entrava pelas casas, cantando e dançando. Enquanto cantavam e tocavam a música, os irmãos de opa levantavam bandeiras encarnadas e pediam esmolas. Um deles conduzia o imperador e o outro, uma espécie de custódia, no centro da qual havia uma pomba esculpida, freqüentemente beijada pelas pessoas."

Ilustração1: "Víveres levados à cadeia no dia de Pentecostes".(Livro de Martha Abreu)

 

 "Apesar de considerar que o desenho retrata a irmandade do Santíssimo Sacramento, o artista destaca o relicário do Espírito santo sendo beijado por um preso e uma mulher negra. Observar o grupo de músicos barbeiros e a esmola ofertada pela menina negra."

Ilustração 2: "Mendingando pelo Espírito Santo", 1845, da obra Brazilian Souvenir, Ludwig & Briggs. Exposição "Três Séculos de Iconografia da Música no Brasil", Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, 1974.

(Livro de Martha Abreu)

 

 

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