ROMANCE DO EMIGRANTE Os meus olhos emigraram Na barca FLOR DAS MARÉS, Minha Mãe ficou chorando, Meu Pai, de pobre, morreu; Lá no varejo da Rampa Aquele moleque sou eu.
Ó Bahia piedosa, Faz cafuné na minha cabeça! Todo eu em ti sou piolhos de oiro, De tua talha em meu pecado, Do meu desterro em teu olvido. Mentira… Não emigrei! O galeguito foi meu Tio Que há bons seis anos eu levei À nossa ilha, tão redonda Que minha Avó a choraria Como se lágrima fosse… - Josezinho foi para a Bahia. Era a sua sorte… Acabou-se!
E em verso eu cate o piolho de oiro Que de saudade se nutria! Faz cafuné na minha cabeça, Minha Bahia! Faz cafuné! Que bom que foi meu tio José!
VITORINO NEMÉSIO “Poemas Brasileiros”, Livraria Bertrand, Lisboa, 1872
|