As Verônicas

As verônicas

Pode se dizer, resumidamente, que as atividades da festa giram em torno de uma importante figura, o Imperador do Divino. O Imperador do Divino é um homem da sociedade, um religioso, sorteado todos os anos entre os fiéis da irmandade. Para cada ano há um novo Imperador, que é chamado de Festeiro. A ele cabe a organização da festa, a coleta das esmolas e a distribuição de alimentos. Bom, é isso que nos interessa. Representando esta distribuição de alimentos, que talvez seja o elemento simbólico mais original, estão as verônicas, ou veroncas, como diz as mulheres que as fabricam. As verônicas são, na verdade, alfenins, pequenos doces feitos de puro açúcar que levam estampados a marca da Pomba do Divino, chamado por aqui de Divininho, ou a Coroa do Divino ou ainda Nossa Senhora.

As verônicas são alfenins e os ingredientes são: açúcar, limão e clara de ovo. O primeiro passo da fabricação é a limpeza do açúcar. Os ingredientes são colocados num panelão que é levado ao fogo para formar o melado. Durante a fervura acrescenta-se um pouco de água para baixar o melado facilitando a retirada das impurezas (espuma) que vão sendo retiradas com uma escumadeira. Depois de limpo o melado fica no fogo para apurar e chegar ao ponto de bala, então é levado para uma pedra resfriada com gelo para receber um choque térmico e pegar o ponto de puxa. Em seguida essa puxa é batida com as mãos até ficar branca, quando então vai para uma grande mesa e é cortada em pequenos pedaços, que vão ser modelados com os símbolos do Divino (pomba, Nossa Senhora, coroa). Depois de modelados são colocados em grandes tabuleiros que ficam ao sol para secar as verônicas (Contribuição Manuel Aponte).

Apesar de serem as primeiras quitandas da festa, são praticamente as últimas a serem distribuídas. As verônicas, depois de sequinhas, são embaladas em saquinhos decorados, enlaçados com fitas vermelhas, colocadas em cestinhas e dadas às virgens por ocasião da procissão do Divino, que acontece no Domingo do Divino, o domingo de Pentecostes. Houve tempo, em que o próprio Imperador do Divino distribuía as verônicas de porta em porta. Tempos bons em que a cidade era pequena. Hoje, não é mais possível, então, as verônicas são distribuídas entre as virgens e as criancinhas. São, as verônicas, representações simbólicas da fé e da devoção. Carregando imagens sagradas, elas são as representações mais originais da distribuição das bênçãos e dos alimentos, que na sua origem foram os alicerces da Festa.

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