A
Festa do Divino em Pirenópolis - GO - 2006
Extraído de
www.pirenopolis.tur.br
O culto ao
Espírito
Santo de
épocas
bastante
remotas. Já
na
antiguidade,
israelitas
cultuavam o
Espírito
Santo nas
festividades
de Pentecostes.
Esta devoção
foi levada a
Europa na
baixa idade
média e nos
estado
alemães
tomou a
forma de uma
festa, onde
o soberano
fazia
recolhia
fundos para
prover
desamparados
em épocas de
penúria.
Esta festa
foi
instituída
em Portugal
pela Rainha
Isabel de
Portugal no
século XIII.
Acabou
tomando a
seguinte
forma: Era
coroado um
rei menino
que
distribuía
alimentos e
soltava
presos
políticos.
Era como uma
espécie de
profecia:
Quando o
Espírito
Santo cair
sobre todos,
haverá um
monarca bom
e puro como
um menino e
a terra
estará
repleta de
fartura e
perdão.
Trazida ao
Brasil pelos
portugueses
logo nos
primórdios
da
colonização,
teve em
Pirenópolis
o primeiro
registro
em 1819,
promovida
pelo Coronel
Joaquim da
Costa
Teixeira,
consagrado
como
Imperador do
Divino.
Ao Imperador
cabe a
responsabilidade
de promover
e cuidar
para que
tudo se
realize com
ordem,
incentivando,
angariando
fundos e
mobilizando
a população
nos afazeres
da festa. O
prestígio
social e
político do
Imperador é
tão grande
que,
naqueles
tempos,
possuía
inquestionável
autoridade,
a ponto de
libertar da
cadeia
presos
políticos, o
que
realmente
era feito.
Poucos anos
após, mas
precisamente
em maio de
1826, o
Festeiro,
como também
é chamado o
Imperador,
Padre Manuel
Amâncio da
Luz
introduziu
as
Cavalhadas e
mandou
confeccionar
uma coroa de
pura prata,
a Coroa do
Divino,
oferecendo-a
à Igreja
Matriz.
Distribuiu,
de casa em
casa,
pãezinhos e
alfenins,
docinhos
feitos de
açúcar puro
chamados de
Verônicas, à
população, o
que foi de
bom grado,
tanto que
virou
tradição e
até hoje se
distribui,
além destes,
salgadinhos
e
refrigerantes.
A cada ano,
para cada
festa, um
novo
Imperador é
eleito, por
sorteio.
Segundo a
tradição
qualquer
cidadão,
sendo de
qualquer
idade ou
classe
social pode
se
candidatar à
Imperador.
Mas hoje,
devido à
interesses
de auto
promoção
política e
ao fato de
boa parte da
população
não ser mais
católica, o
sorteio é
restringido
aos irmãos
da Irmandade
do
Santíssimo
Sacramento. O
sorteio é
realizado na
presença de
todos no
domingo, o
Domingo do
Divino.
O Imperador
do Divino
retrata, com
toda sua
simbologia,
o Rei, a
Rainha e a
Corte
portuguesa,
autenticados
pela Coroa,
pelo Cetro e
pelas
virgens
vestidas de
branco que
os antecedem
na Procissão
do Divino,
onde, na
Procissão do
Divino, com
toda pompa,
caminham
pelas ruas
da cidade,
circundados
por quatro
varas
sustentadas
por quatro
virgens,
seguidos
pela Banda
de Música a
frente da
população.
O símbolo
da Festa do
Divino é a
mandala de
fogo com a
pomba branca
ao centro.
A pomba
significa o
próprio
Divino
Espírito
Santo (Mt.
3.16) e a
mandala de
fogo o
momento que
o Espírito
Santo desceu
sobre os
apóstolos, a
Pentecostes
(At 2,4.6).
A cor da
festa é a
branca e a
vermelha, a
branca
significa a
paz, o
altíssimo e
a pomba que
pousou sobre
Jesus e a
vermelha o
sangue de
Jesus, o
Espírito
Santo, as
labaredas de
fogo. É bom
não
confundir o
vermelho dos
mouros com o
vermelho do
Espírito
Santo.
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Pirenópolis é conhecida
internacionalmente por suas manifestações folclóricas, a
exemplo das famosas Cavalhadas e da
Festa do Divino. Outras festas
fazem também a graça do povo pirenopolino, que mantém
tradições e costumes que o cidadão metropolitano não vê, como
as procissões e festas nos povoados, com barraquinhas,
fogueiras, queima de fogos, leilões, ranchões com forró
etc. |
Festa do Divino Espírito
Santo é, sem sombra de dúvida, a
maior manifestação popular de Pirenópolis. Esta
intensa festa mescla variadas manifestações
religiosas e
profanas, de diversas
origens e significados. Uma profusão de
folclores tão rica que
contagia tanto o leigo como o erudito, o profano e o
religioso, servindo a todos em todas as suas formas e
línguas. Assim é o Divino Espírito
Santo |
AS CAVALHADAS
DE PIRENÓPOLIS: Reconhecidas como das
mais significativas cavalhadas do Brasil, virou
símbolo, modelo para outras cidades. A pompa, a
garbosidade e a seriedade desta manifestação encantam
até mesmo nós, pirenopolinos, que já acostumados estamos
a ela. |
SUA
ORIGEM NA EUROPA |
Durante a
dinastia carolíngia,
em finais do século
VIII d.C., portanto há quase de 1300
anos, Carlos Magno,
de religião cristã,
investiu contra os
sarracenos, de religião islâmica,
para impedí-los de invadir o centro da
Europa, o sul da França. Carlos Magno, ao se
afastar da França, deixou-a exposta a
invasão pelos saxões, obrigando-os a
retornar. Porém deixou na liça o valente
Conde de Rolando com sua guarda pessoal: Os
Doze Pares de França. Quando ocorreu a
famosa Batalha de
Roncesvalles, em 778 dc. Rolando foi
massacrado pelos árabes sarracenos, de
religião islâmica, e aldeões locais, de
religião cristã. Apesar da derrota, o feito
foi amplamente divulgado, como mostra de
bravura e lealdade cristã, por trovadores
que viajavam por toda a Europa. E ficou
sendo conhecida como a
"A Canção de Rolando", um verdadeiro
épico, cantado em trova, como forma de
incentivar a população cristã contra as
investidas dos exércitos islâmicos.
Conhecidos
como mouros, os
mulçumanos da Mauritânia, invadiram, nos
idos do século VIII, o sul da
Península Ibérica,
dominando a região de Granada, de onde foram
expulsos somente em fins do século XV. Foram
quase 800 anos de
ocupação moura por quase toda a
península, o que, inegavelmente, colaborou
para o avanço
tecnológico destas nações, uma vez
que os mulçumanos árabes, propagadores do
islamismo, eram
mais evoluídos, do ponto de vista
tecnológico, artístico e cultural, do que os
cristãos da época. Os reis que resistiram a
este avanço refugiaram ao norte da península
e mantiveram intacta sua cultura, vindo
deles a iniciativa de expulsão da soberania
moura na Península Ibérica.
Incorporada ao
folclore,
durante séculos, a História de Carlos Magno
era atração nas vozes
dos trovadores e, somente em idos do
século XIII, em Portugal, é que resolveu
instituí-la como uma festividade, aos modos
de uma representação
dramática, quase que como um jogo de
xadrez, a fim de incentivar a instituição
cristã e o repúdio aos mouros. Num grande
campo de batalha, onde de um lado, o lado do
poente, 12 cavaleiros
cristãos vestidos de azul, a cor do
cristianismo, lutam contra
12 cavaleiros mouros
vestidos de vermelho, encastelados no lado
do sol nascente.
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NO
BRASIL E EM PIRENÓPOLIS |
No Brasil esta
representação dramática foi introduzida, sob
autorização da Coroa, pelos
jesuítas com o
objetivo de catequizar
os gentios e escravos
africanos, mostrando nisto o poder da
fé cristã. Por todo o Brasil encontramos as
Cavalhadas sendo representada, em diferentes
épocas, prova de que esta manifestação
folclórica nada tem a ver, de origem, com a
Festa do Divino ou a Pentecostes, como é no
caso de Pirenópolis.
Introduzida em
Pirenópolis em 1826,
pelo padre Manuel Amâncio da Luz, como um
espetáculo chamado de
"O Batalhão de Carlos Magno".
Pirenópolis manteve forte esta
tradição, uma
porque os primeiros colonizadores desta
antiga cidade mineradora eram, em sua
maioria, portugueses
oriundos do norte de Portugal, local
onde mais se resistiu à invasão moura, outra
porque o caráter centralizador da população
dominante viu com bons olhos o efeito
separatista
entre as classes sociais. Porém o que mais
motiva a população a manter viva a
infindável rixa entre mulçumanos e cristão é
a beleza do espetáculo
e o prazer pela
montaria.
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A
FESTIVIDADE |
As Cavalhadas
de Pirenópolis, considerada uma das
mais expressivas do
Brasil, é um longo ritual de
três dias seguidos,
cujos preparativos começam uma quinzena
antes, no início da Festa do Divino, que é
marcada pela saída da Folia. Durante uma
semana os cavaleiros se reúnem num campo,
que não é o oficial, para
ensaios das corridas
que vão executar nos três dias do evento.
Nestes dias, às quatro horas da manhã, a
Banda de Couros,
formada por um saxofonista seguido de vários
meninos empunhando rústicos tambores de
couro, executando cantigas melodiosas,
percorrem a cidade a pé avisando a
população, e principalmente os cavaleiros,
que é chegada a hora de se levantar, arriar
os cavalos e dirigir-se ao ensaio. Primeiro,
parte de sua residência o último cavaleiro
dos doze de cada exército e, seguindo uma
hierarquia, vão de casa em casa, agrupando o
resto da tropa, até que, por último junta-se
a tropa, o Rei.
A
hierarquia dos
exércitos da Cavalhadas segue, tanto
para os cristãos como para os mouros, a
seguinte ordem: dos doze cavaleiros, temos
no mais alto posto o
Rei, abaixo deste temos o
Embaixador e
seguindo abaixo os dez restantes cavaleiros.
O último cavaleiro só subirá de posto se
houver morte ou desistência de algum outro
acima, o mesmo acontece com o Embaixador,
que só tornar-se-á Rei se o próprio Rei
morrer ou desistir. Depois de reunido os
dois exércitos, estes seguem em fila
hierárquica, com o Rei a frente para a casa
de um cidadão que se prontificou a lhes
fornecer, por cortesia e respeito, o
desjejum matinal, chamado de
"Farofa". Neste
vai e vem de cavaleiros cavalgando pelas
ruas da cidade, não podem os cavaleiros
cristãos se encontrarem com os mouros, a não
ser na ocasião da Farofa e posteriormente no
ensaio. Na Farofa é servido café, biscoitos,
sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas e a
"Farofa" propriamente dita, iguaria derivada
das antigas tropas
que vazavam os sertões, composta de farinha
de mandioca e carnes secas. Os cavaleiros,
nesta ocasião, rezam em grupo e dançam a
Catira, uma
dança folclórica onde se enfileiram frente a
frente os 24 cavaleiros e, embalados por
violas, pandeiros e canções, batem palmas e
pés no ritmo cadenciado e típico. Após o
agradecimento, que é feito em forma de
cantilenas, ao dono da casa que ofereceu a
Farofa, partem para o campo de ensaio.
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O
DOMINGO DO DIVINO |
No
Domingo do Divino
é repetido o mesmo ritual de recolhimento da
tropa, só que ao meio dia, sem Banda e sem
Farofa, e devidamente paramentados. A forma
com que os cavaleiros se apresentam no
campo oficial
hoje, não são as mesmas de outrora.
Antigamente os cavaleiros assemelhavam-se a
oficiais de milícia,
envergando farda militar de gala com
galoneiras douradas e quepes de veludo, mas
sempre cristãos em azul e mouros em
vermelho, os reis e embaixadores usavam
elmos de estilo romano. Hoje, com a criação
de tecidos sintéticos e a nova
estética carnavalesca,
os Cavaleiros se apresentam um tanto mais
luxuosos, chegando a usar elmos de metal
dourado, para o caso do Rei e Embaixador
mouro, e elmos prateados para os cristãos.
Todas vestimentas
são ricamente ornamentadas com plumas,
metais polidos, pedras incrustadas, veludos,
fitas e tecidos vistosos, e todos os
cavaleiros sustentam longos mantos bordados
e cravejados de lantejoulas multicores
formando desenhos simbólicos das duas
crenças, como o peixe ou a pomba branca para
os cristãos e o dragão ou a lua e estrela
para os mouros. Levam também uma
lança, com
fitas na ponta, uma
espada e uma
pistola com tiros de festim, para o
combate. Os cavalos
também são amplamente ornamentados, com
patas pintadas, protegidos na fronte com
metais polidos, e envergando plumas na
cabeça.
As Cavalhadas,
propriamente dita, inicia-se no
Domingo às 13:00 h
no campo oficial construído para este fim, o
Campo das Cavalhadas.
Rodeando o Campo são erguidos
camarotes rústicos
feitos de paus e telhados de palha,
semelhantes às palafitas. Aqueles que tem
posses compram os camarotes e a população
assiste o espetáculo de pé, abaixo destes,
ou numa pequena arquibancada de tábuas.
Ambulantes
vendem lanches, churrasquinhos de espetos,
refrigerantes e cervejas no meio da
população. Os camarotes mais bem localizados
são os oficiais, onde abrigam as autoridades
civis e a Banda de
Música.
Na abertura
solene das Cavalhadas ingressa no campo
todos os grupos
folclóricos da Festa do Divino que
fazem sua própria apresentação:
Catireiras,
Congados,
Pastorinhas,
Dança de Fitas,
Banda de Couros,
a Banda de Música
Phoenix e os
Cavaleiros Mascarados. Um dos
momentos mais emocionantes da abertura é a
evocação ao Divino sob execução do
Hino do Divino
pela Banda de Música. Toda a população fica
de pé com chapéus na mão. No campo, voltados
para os camarotes oficiais, os grupos
folclóricos formam blocos à frente dos
mascarados que sustentam-se em pé sob o
dorso de seus cavalos
|
OS
MASCARADOS |
Os Mascarados
é tão grande atração quanto os cavaleiros
mouros e cristãos. Conhecidos também como "Curucucús",
por causa do som que emitem, são pessoas que
se vestem com máscaras, roupas coloridas,
luvas e botas. Mudam a voz ao falar e cobrem
todo o corpo para que ninguém os reconheçam.
Enfeitam seus
cavalos com fitas, tecidos, plantas e tudo
quanto a criatividade mandar.
Tradicionalmente existe vários tipos. Os
mais tradicionais são aqueles com máscara de
cabeça de boi,
seguindo pelos que usam máscaras de
onça, máscara
de homem, e
mais recentemente apareceram aqueles com
máscaras de borracha,
com cara de monstro, desfocando um pouco a
originalidade da Festa. Mas isso não diminui
a beleza e o entusiasmo dos Mascarados, que
já no sábado saem às ruas à galope em
algazarra. Pedem com
vozes fanhosas cervejas e cigarros
aos transeuntes e divertem a população com
suas acrobacias e brincadeiras.
A
máscara de boi
é a mais tradicional e só é encontrada entre
os Mascarados de Pirenópolis. Outro
mascarado muito interessante é o
São Caetano,
chamado assim pois orna seu cavalo,
escondendo-o, com ramas de Melãozinho de São
Caetano, erva trepadeira muito comum, e
folhas de bananeiras. Leva na cabeça uma
máscara de homem, com um chifre reto na
testa, e na mão uma cesta de frutas que
atira para a platéia. Outro muito engraçado
veste-se com um macação extremamente grande
de tecido de colchão que recheia com capim,
ficando enormemente gordo, envolvem a cabeça
com um pano preto onde pinta em branco a
face de uma caveira.
Não se sabe a
origem destes
personagem, que são encontrados em todas as
cavalhadas do Brasil com diversas diferenças
entre as cidades. Eles se fundem com os
cristãos e mouros num trinômio perfeito.
Representam o
papel do povo e daqueles que não tem acesso
a pompa dos cavaleiros, que representam
socialmente a elite e o poder. São
irônicos e debochados,
fazendo críticas aos poderosos e ao sistema.
E, ao contrário da rigidez dos Cavaleiros,
entre os Mascarados não há regras, tudo é
permitido, menos
mostrar sua identidade.
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A FOLIA DO DIVINO
Dentro as manifestações religiosas
da Festa do Divino, a Folia do
Divino é marcadamente uma das mais
profundas e ricas. Promovida por
leigos, esta parte da festa
movimenta centenas, e até milhares,
de pessoas. |
Características
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Há
basicamente dois tipos de
folia: a folia da roça ou
rural e a folia da cidade.
A Folia Rural
- Talvez seja este o mais
original elemento da Festa
do Divino, se considerarmos
a tese de que a festa teve
origem com os reis alemães
da baixa idade média quando
faziam percorriam a região
angariando fundos para
alimentar e prover o povo em
época de penúria.
Compõe-se de centenas de
cavaleiros que durante uma
semana ou mais percorrem a
zona rural visitando
fazendas. O objetivo, além
de levar as bençãos do
Divino, é recolher esmolas e
chamar o povo para a festa.
A alimentação e o pernoite é
dado aos devotos foliões po
fazendeiros, os chamados
Pouso
de Folia. Nestas
fazendas há grande festa,
chegando a reunir milhares
de pessoas durante a noite.
Há muita fartura (veja
mais),
tachadas de comida é dada
gratuitamente a todos e para
os donos da fazenda oferecer
o pouso é receber em casa o
Divino Espírito Santo, uma
benção.
A
Folia Urbana
- Também conhecida com Folia
da Cidade, é muito
semelhante à rural, com a
diferença que os devotos
foliões andam à pé e não a
cavalo, e visitam as casas
na rua. É menor em número de
participantes e a maioria
pernoita em sua própria
casa. Mas, de resto, as
bandeiras as invocações e a
liturgia é bastante parecida
com a Folia da Roça. |
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