Festa do
Divino
Os bastidores gastronômicos
da maior festa folclórica de Pirenópolis - GO.
Extraido
de:
www.pirenopolis.tur.br |
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Como não podia deixar de ser, sem comida ninguém
vive.
Vamos
adentrar por esta festa pelas portas dos fundos,
a cozinha.
A Festa do Divino Espírito Santo é,
sem sombra de dúvida, a maior festa de
Pirenópolis e uma das maiores do Brasil. Festa tradicional que acontece há
séculos, onde um dos elementos mais importantes
e aparente é a distribuição de alimentos. Seu
primeiro registro é de 1819. |
Para se entender definitivamente uma festa
folclórica, é conveniente conhecer um pouco da
sua origem. O culto ao Espírito Santo tem sua
origem na antiguidade, entre os israelitas. Na
Europa, este culto foi difundido pela
idade média começando nos reinos alemães, na Dinastia
dos Othons. Surgiu, então, um costume, por serem
tempos difíceis, de os reis promoverem uma
coleta de esmolas para ajudar aos pobres -
os bodos.
Deste modo a festa foi criada e espalhou-se por
toda a Europa. Foi introduzida em Portugal no
século XIII, quando a Rainha Santa Isabel coroou
o mais pobre dos servos, passando a ser
conhecida como a Festa
do Divino Espírito Santo. Mais tarde
passou a ser coroado um
Imperador menino, que simbolizava a vinda de um
monarca bom e puro. Este distribuía alimentos,
simbolizando a fartura, e soltava presos
políticos, simbolizando o perdão.
Esta festa religiosa foi difundida largamente
por todo o Brasil, principalmente nas
localidades de colonização portuguesa e açoriana, como é o
caso de Pirenópolis. A base da festa é a
invocação do Divino Espírito Santo, para que
este caia sobre todos assim como fizeram com os
apóstolos no dia de Pentecostes, que, por sinal,
é o Domingo do Divino, auge da festa, 50 dias
após a Sexta Feira Santa.
Para a
população local e principalmente para aqueles
que participam integralmente da festa, ela
começa logo após a Sexta da Paixão, findando a
Quaresma, com os preparativos, tais como, as
confecções das vestimentas e adereços dos
integrantes, cavaleiros e mascarados, e a
confecção das verônicas. |
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As verônicas
Pode se dizer, resumidamente, que as atividades
da festa giram em torno de uma importante
figura, o Imperador do Divino. O Imperador do
Divino é um homem da sociedade, um religioso,
sorteado todos os anos entre os fiéis da
irmandade. Para cada ano há um novo Imperador,
que é chamado de Festeiro. A ele cabe a
organização da festa, a coleta das esmolas e a
distribuição de alimentos. Bom, é isso que nos
interessa. Representando esta distribuição de
alimentos, que talvez seja o elemento simbólico
mais original, estão as verônicas, ou veroncas,
como diz as mulheres que as fabricam. As
verônicas são, na verdade, alfenins, pequenos
doces feitos de puro açúcar que levam estampados
a marca da Pomba do Divino, chamado por aqui de
Divininho, ou a Coroa do Divino ou ainda Nossa
Senhora. |
A Casa do Imperador
O
Imperador do Divino, figura central da festa,
mantém durante cerca de todo este tempo, quase
50 dias, uma casa para receber as pessoas. Ali a
comida na mesa é farta e está sempre presente um
cafezinho e quitandas para qualquer um que
chegar. melhor, em qualquer hora. Várias são as
atividades gastronômicas nesta casa, tanto que o
movimento na cozinha é constante. Começa, a
longa tarefa, com a confecção das verônicas.
Depois vem a produção das quitandas para serem
servidas nos cafés da manhã que é servido
durante as duas semanas que antecede a festa
para os cavaleiros e a população que se
apresentar.
No
sábado anterior ao Sábado do Divino, acontece a
Alvorada, com a Bandinha de Couro, composta por
meninos e instrumentos de percussão rústicos de
couro acompanhados por um saxofone, e com a
secular Banda de Música Phoenix, que saem às
ruas i às 4 horas da manhã, percorrem todo o
centro da cidade, acordando a população para
finalizar no café-da-manhã na casa do Festeiro,
o Imperador do Divino. E durante toda a semana
seguinte, que antecede a festa, a alvorada
continua com a Banda de Couro que continua
tomando o café na casa do Imperador.
Como se diz por aqui, o trem é farto...é tucunté
qualidade de quitanda. É bolacha, peta, biscoito
de queijo, bolo, quebrador, pastéis etc., com
chá, café e leite. E não é só café, não. Este
ano houve fartos churrascos para os cavaleiros e
almoço para o povo que trabalha para a festa,
além dos quitutes oferecidos por ocasião das
chegadas da folia e entrega das lanças. |
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Reinado e Juizado
Na
segunda e terça-feira, subseqüente ao Domingo do
Divino, acontecem a coroação do Rei e da Rainha
de Nossa Senhora do Rosário, na segunda, e a
coroação do Juiz e da Juíza de São Benedito, na
terça. É um evento simplório, se comparado aos
que cercam o Imperador do Divino, mas que atrai
centenas de pessoas e, como não podia deixar de
ser, distribui-se alimentos com fartura. Nestes
casos, são distribuídos salgados e doces.
A
origem destas coroações vem dos tempos dos
escravos. Havia entre os escravos,
representantes de tribos oriundas do continente
africano que já eram de origem monarcas, ou
mesmo figuras de lideranças, que faziam as suas
festas coroando seus reis e juízes. Da tradição
original muito se perdeu. A congada e a banda de
couro, elementos da tradição afro, estão a cada
ano se desmotivando e perdendo espaço para a
banda sinfônica, de origem militar. A
distribuição de doces, que outrora era única e
farta, divide agora com os salgadinhos.
Os doces
ainda são distribuídos, junto com salgados e
refrigerantes. Neste ano de 2006, na coroação do
Rei mirim João Marcos Teixeira Melo, foram
distribuídos 15.000 salgados, entre empadinhas, pasteizinhos, kibes,
pães-pereira, pastéis de
milho etc., e 2.000 doces, como doces de leite em
pedaços, paçoquinhas, pastelins etc. E mais 8
folhões de queijo-leite e um bom tanto de
canudinhos. Esta destruição se deu no período da
manhã, por volta das 10 hs. |
A Barraca da Família
Todo ano, a paróquia monta uma grande tenda,
durante o período das novenas, onde é
servido farta alimentação. Não é gratuita
como no restante da festa, mas é bem barato.
Há
ainda um leilão, logicamente que para não fugir
do caráter da festa, de comidas.
Na intenção de
angariar fundos para a paróquia, foram leiloado
neste ano, muitos frangos assados, bolos,
tortas, cestas de café-da-manhã, licores, doces
etc. |
As Verônicas
Os Pousos |
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