Desde sua fundação, o seu povo eminentemente católico
festejava os santos e as datas magnas da cristandade. Têm-se notícias e
lembranças das Festas da Santa Cruz, de São Pedro, São Lázaro, Santa
Luzia, santa Terezinha, São Sebastião, Santo Antonio, Sagrado Coração de
Jesus, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Conceição, etc. E eram
festivamente celebradas as festas "Corpus Christi", a Semana Santa e as
festas natalinas. Mas, desde a sua fundação, sempre se festejou com muita
pompa e devoção, com repercussão em municípios vizinhos e contando com
romeiros de distantes localidades mineiras, sem solenes e tradicionais
"Festa do Divino" em Junho, e "Festa da Padroeira" em Novembro.
A
origem da Festa do Divino Espírito Santo é originária de Portugal, onde,
no século XIII, em Alenquer, foi construída a Igreja do Espírito Santo,
por ordem da Rainha Izabel de Aragão, esposa de D. Diniz, durante a guerra
com a Espanha. E o seu culto, devoção e comemoração foram trazidas ao
Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI, onde tornou-se uma
das festas de grande popularidade e prestígio em várias cidades
brasileiras, principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Maranhão e Rondônia.
A Festa do Divino invoca as diversas formas de
aparições da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, sobretudo no episódio
bíblico de "Pentecostes", quando o Espírito Santo manifestou-se aos
apóstolos sob a forma de línguas de fogo, transmitindo-lhes seus dons, dos
quais ressaltam a "força e a sabedoria".
As diversidades do ritual nas diversas
localidades onde é cultuada e festejada a Festa do Divino, pode-se
observar uma grande divisão entre as comemorações festivas, as de cunho
essencialmente religiosos e as festividades, ditas profanas. A Festa do
Divino tem seus dois lados: tanto é rito religioso e é também espetáculo.
Há uma mistura de catolicismo e de misticismo.
Estes dois pólos distintos, o sagrado e o profano convivem e se mesclam
harmoniosamente entre si. E as manifestações populares características da
religião e do povo local se incorporam nas festividades, tornando traços
específicos e peculiares de suas histórias, de suas culturas e de sua
tradições. Festas sagradas, lúdicas e profana a um só tempo, entrelaçando
folclore e religiosidade, fé e crença popular.
A Festa do Divino tem suas fases de preparação
e de realização. Sua preparação se inicia meses antes, com visitas
domiciliares dos Festeiros com a Bandeira do Divino. Essas visitas,
antigamente conhecidas como "Folia do Divino" percorriam as diversas casas
do povoado, com o duplo objetivo de colher as promessas de donativos para
a realização da festa e também para apresentar a Bandeira do Divino nos
diversos aposentos das residências e aos seus moradores e membros da
família. A fase preparatória da festa inclui também a "Novena”, os nove
dias que antecedem ao dia principal da festa, com as ditas "Alvoradas", as
caminhadas matutinas e noturnas seguidas pelo tradicional "Café com
Paçoca".
A fase "decadente" das Festas Nazareanas era
comum, até bem pouco tempo ouvir dizer ,sobretudo dos nazareanos mais
antigos, que a Festa do Divino em nossa cidade, com o passar dos anos já
não possui o mesmo esplendor e riqueza folclórica e antigamente. Estes
saudosistas fazem as comparações das festas antigas com as atuais, dos
tempos e declaram que a tradição da festa "está morrendo". Esta estagnação
e até mesmo retrocesso festivo, com a diminuição dos festejantes,
visitantes e romeiros, podem ser explicados pelo natural desenvolvimento e
crescimento populacional do município, como também pela dificuldade
financeira na sua realização e pelo incremento das festas religiosas nos
bairros e sua capelas rurais, fazendo diminuir o antigo hábito de migração
rural para a cidade por ocasião da festividade.
As tradições Festivas abandonadas na história
das festas do Divino, Nazareanas observamos que muitas tradições que lhes
eram peculiares foram se perdendo e abandonadas com o decorrer do tempo.
Reflexos da modernidade. Sem o sentido e muito menos o objetivo de mero
retorno ao passado, de regresso ao pretérito ou de retroagir ao antigo,
são lembrados alguns dos costumes das festas de então e que se perderam no
tempo: A grande Casa da Festa, com sua grandes acomodações para receber,
acomodar e alimentar os devotos rurais e visitantes. A migração da
população rural para a cidade, durante todo o período festivo, trazendo
lenha para as grandes fogueiras, vindo em sua maioria a cavalo e com a
tropa de comitiva, trazendo suas provisões e donativos ao Divino. Os
"Pastos" nos arredores da cidade, onde eram soltos os animais , mediante
pagamento de aluguel diário. A vinda dos romeiros de distantes cidades, em
caminhões e bancos e lonas que ficavam estacionados na vias de acesso à
cidade: A doação reunião e o abate dos bois doados ao "Divino" e
destinados ao "leilão" e ao preparo do afogadão. O "Pau de Sebo", vara de
eucalipto, desafiando a subida. O "Porco ensebado" que era solto no meio
da multidão sendo premiado que conseguisse segurá-lo. Os senhores, todos
com seus chapéus, e as mulheres devotas, com suas vestes e véus escuros, a
diversidade de congadas, locais ou de lugares distantes , com seus
instrumentos de sopro, sanfonas , com seus estandartes , reis e rainhas. O
"Moçambique", com suas peculiares danças e apetrechos nas vestimentas. Os
caiapós, com trajes e danças indígenas. As "Congadas Mirins", formadas por
crianças da cidade, imitando a dança e bater de espadas. A "Tourada",
antecessores dos atuais rodeios, onde o atrativo e o desafio eram "agarrar
o touro a unha", deixando que ele entocasse e chifrasse o toureiro ou
então montá-lo e permanecer se cair. As barracas dos comerciantes, que se
instalavam pelas calçadas da cidade, vendendo roupas, utensílios e
novidades, e não comestíveis e eletrônicos do Paraguai, como se vê nas
festas atuais. Os "fogueteiros" com seus rojões espocando pelo céu, e as
famosas "baterias artesanais de pombas" ao final da festa. As bandeirinhas
enfeitando as ruas e postes da cidade. O circo de lona, o parque de
diversões e o circo de tourada. As procissões religiosas com vários
andores de santos, sempre precedidas do andor de São Benedito, pois se
assim não se dispusesse, era certo que choveria, as alas centrais das
Irmandades, das filhas de Maria, dos Congregados Marianos e do Apostolado
da Oração. Os membros da Irmandade do Santíssimo, encarregados que eram
pelo trajeto e controle da caminhada da procissão e de transporte do
pálio. A distribuição de flâmulas como recordações como recordações e de
doces caseiros.
As Congratulações e as Esperanças - Graças
Bênçãos, se é que nós, Nazareanos leigos podemos assim desejar, ofertamos
ao nosso Revmo Padre José Carlos Ribeiro autor primeiro do esplendor, da
beleza, riqueza e ineditismo dos ritos litúrgicos do resgate de inúmeros
costumes tradicionais na festa deste ano. Congratulações e efusivos
comprimentos à Comissão de Festa da cidade de dos bairros, pelo eficaz e
dedicado trabalho de coordenação e realização da Festa, bem como pela
arrecadação de fundos e donativos para o custeio das despesas.
Cumprimentos generalizados a todos os que contribuíram para a realização
do evento, no qual vimos entrelaçado o folclore e a religiosidade
nazareana desta tão famosa um significativo aspecto econômico para o
município, aspecto e econômico para o município, pois movimenta vários
setores ligados ao turismo, atraindo visitantes e trazendo renda e
oportunidade de trabalho aos bares, hotéis, restaurantes, artesões e
vendedores ambulantes. Para que isso possa vir a acontecer é preciso que:
tenhamos uma conscientização turística, uma visualização dos benefícios
que o desenvolvimento da atividade turística poderá trazer para Nazaré
Paulista, que haja uma efetiva e maior colaboração entre as atividades da
Igreja, dos festeiros, dos poderes públicos, da iniciativa privada e da
comunidade para a preservação da nossa cultura, dos nossos costumes e das
nossa tradições, da melhoria da infra-estrutura turística para a recepção
aos visitantes, de companhias de propagandas , divulgação e da informação
turística , mas, é preciso sobretudo em nosso emprenho para que esta
importante manifestação que é a festa do Divino Espírito Santo, seja cada
vez mais assistida, com uma maior festividade
evangelizadora. |