A Visita nas Festas do Divino Espírito Santo do Maranhão
Por: Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho
Publicado em: 15/04/2006
 

O Espírito Santo é festejado em diferentes regiões brasileiras. No Maranhão, essa festa acontece durante todo o ano, porém, a maioria é realizada em maio ou junho, segundo o dia de Pentecostes.

O Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho recebe, Neste ano de 1999, as visitas do Divino Espírito Santo de Alcântara e de Periá (povoado do município de Humberto de Campos), no dia 09 de junho, e do Divino de Dona Nilza, do bairro Goiabal (São Luís), no dia 10 de junho.

O ritual realiza-se durante vários dias: na formação do Império tem o Imperador e/ ou Imperatriz, Mordomo(a)-Régio(a), Mordomo(a)-Mor, caixeiras, porta-bandeira, bandeirinhas, mestre-sala e outros personagens que variam de acordo com o lugar de realização da festa.

Em Periá, a Festa do Divino é organizada por uma co-missão da igreja Católica, liderada por Dona Dulce Espíndola, Sr. Raimundo Nonato Espíndola e por um grupo formado pelos promesseiros ou festeiros.

As caixeiras são todas de Periá, existindo uma família - que já está na quarta geração - de descendentes de Dona Bela e que, atual-mente, conta com suas netas e bisnetas para tocar caixas durante a festa.

A festa do Divino, até 1976, era realizada na lua cheia do mês de novembro. Com a chegada da energia elétrica, passou a ser feita na última semana de novembro ou na primeira semana de dezembro com duração de três dias, sendo que um ano é do Imperador e o outro da Imperatriz.

A Coroa do Divino vai para Humberto de Campos para ser enfeitada e numa sexta-feira volta para Periá em romaria, com foguetes e as caixeiras, todos cantando. Nesse mesmo dia, o mastro é levantado em frente à Igreja.

No dia seguinte - sábado - acontece a missa da Coroação do Imperador que, na saída, é saudado por dois espadeiros com o cruzamento das espadas para o Imperador passar. Contam as pessoas mais velhas que as espadas, que têm uma coroa encravada no cabo, foram presenteadas pela Princesa Isabel.

À noite, tem missa novamente. Em seguida, o Imperador vai para a casa do trono com as caixeiras, o mestre-sala e o povo, que sai em procissão para tirar a licença de visita. Durante as visitas são sempre servidos bastantes doces e bebidas. No domingo, após a missa de 9:00 horas, um leilão no largo da Igreja é realizado e a renda revertida em benefício da Igreja. Pela tarde, realiza-se uma reunião para passar o trono para o próximo Império e, à noite, acontece o derrubamento do mastro com distribuição de doces, bebidas e lembranças. Na segunda-feira acontece o lava pratos, com festa o dia todo.

A Festa do Divino de Periá movimenta toda a população da região como os municípios de Primeira Cruz, Humberto de Campos e outros povoados vizinhos.

Alcântara, cidade colonial, se prepara para a maior manifestação popular do município quando se torna um cenário vivo para a Festa do Divino Espírito Santo, que acontece no mês de maio ou junho. A festa se divide em duas fases, ou seja, da preparação e da realização, mobilizando a cidade inteira e envolvendo artesão, doceiras e colaboradores. Os rituais da festa têm início na quarta-feira, véspera de Ascensão, com o levantamento do mastro. Durante os dez dias seguintes, várias cerimônias são realizadas. As visitas tornam-se um dos rituais mais movimentados da festa. Quando o cortejo sai pelas ruas de Alcântara, é acompanhado por uma multidão de fiéis e admiradores.

A Festa do Espírito Santo realizada por Dona Nilza possui características próprias por apresentar personagens como arcanjos São Miguel, Rafael e Gabriel e também São Benedito e Nossa Senhora de Fátima. Outro fato interessante é que o Império só veste branco ou azul, em anos alternados. No primeiro dia, tem a abertura da tribuna, o levantamento do mastro e um tambor de crioula que começa por volta de 22:00 horas. Nesta festa, o Imperador visita a Imperatriz e o Mordomo-Régio visita a Mordoma-Régia, acompanhado de muitos foguetes, pois, segundo Dona Nilza: "O Espírito Santo gosta de ser festejado com muita zoada". O encerramento da festa acontece na segunda-feira, com o roubo do Império, o derruba-mento do mastro e o fechamento da tribuna. O roubo é o ato de esconder peças de roupas, coroa e outros pertences de participantes pela dona da festa, que os deixa em diversas casas. As caixeiras e as crianças vão procurar as peças roubadas com muito movimento de danças, bebidas, brincadeiras e ainda recebem jóia (doces, bebidas, etc.). No dia seguinte é o grande dia das caixeiras e de todos que participam da organização da festa, conhecida como carimbó das caixeiras.

Pesquisa: Josimar Silva