Os Fogos de Artifício

(Baseado no livro O Império do Divino de Martha Abreu)  

 

 

    A maior atração da festa do Divino no campo de Santana eram , sem dúvida, o espetáculo da queima dos fogos de artifício. Atraíam "grande multidão de famílias". Os amigos combinavam ir juntos, acompanhados de não pequeno número de "negras e negrinhas escravas, que levavam cestos com comida e esteiras"; as senhoras iam sempre de braço com os seus companheiros, mesmo as mais jovens.

 

    "Chegando ao campo, repleto de pessoas, passava-se pelas barracas que serviam de casas de pasto e, obrigatoriamente, visitava-se o império, quase em frente à velha igreja de Santana, onde se podiam apreciar o imperador, o leilão e as "graçolas pesadas do pregoeiro". depois, era procurar um local confortável no Campo para realizar a ceia e ver o fogo."

 

     "Grande parte do Campo estava já coberta daqueles ranchos sentados em esteiras, ceando, conversando, cantando modinhas ao som de guitarra e viola. Fazia gosto passear por entre eles, e ouvir aqui a anedota que contava um conviva de bom gosto, ali a modinha cantada naquele tom apaixonante poético que faz uma das nossas raras originalidades, apreciar aquele movimento e animação que geralmente reinavam..."

 

     "No melhor da ceia foram interrompidos pelo ronco de um foguete que subia: era o fogo que começava."

 

   "A sofisticação do foguetório não era pequena. Os artistas especializados anunciavam suas habilidades nos jornais e, como registram Hermeto Lima e Barreto Filho, cada projétil tinha uma qualidade especial. Além do foguete de lágrimas e dos morteiros, apareciam a "roda", a "lua", a "melancia"e, o principal, uma grande estrela que girava, tendo ao centro o emblema do Divino. "

 

   "Ewbank, em 1846, também ficou impressionado com os fogos, não pela arte de soltá-los, (...), mas pela enorme variedade e disposição sobre uns excêntricos mastros. esses mastros eram em torno de quarenta, indo de 8 a 15 metros de altura; no topo estavam fixos os fogos e, surpreendentemente, figuras humanas em movimento: "de tamanho natural, e vestidos a caráter, eram tão bem preparados que à distância poderiam ser tomadas por pessoa vivas."

 

   "Acionadas por um mecanismo especial, as diversas figuras, representando variados segmentos profissionais e sociais da cidade do Rio de Janeiro, apresentavam-se muito bem vestidas e em movimento."

 

   "Terminado o fogo, conclui Manoel Antônio de Almeida, tudo se punha em andamento, levantavam-se as esteiras, espalhava-se o povo."

 

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