Festa
do Divino - Folclore
As
Cavalhadas
HISTÓRICO:
Durante a
dinastia carolíngia( século VI d.c.), portanto há
quase 1500 anos,Carlos Magno, de religião cristã,
lutou bravamente contra os sarracenos, de religião
islâmica, impedindo-os de invadir o centro norte da
Europa. A cavalhada é uma tradição dos torneios da
Idade Média, onde os aristocratas exibiam em espetáculos
públicos, sua destreza e valentia. Na
verdade, cavalhada representa a luta entre mouros e
cristãos. O feito foi amplamente divulgado, como
mostra de bravura e lealdade cristã, por trovadores
que viajavam por toda a Europa.
E ficou sendo conhecido como a "A
Batalha de Carlos Magno e os 12 pares da França",
um verdadeiro épico, cantado em trova, como forma de
incentivar a população cristã contra as investidas
dos exércitos islâmicos, que, apesar da derrota na
batalha de Carlos Magno, não abandonou as investidas,
principalmente ao sul da Europa, vindos da Mauritânia.
Conhecidos
como mouros, os mulçumanos da Mauritânia,
invadiram,no século VIII, o sul da Península Ibérica,
dominando a região de Granada(Espanha), de onde foram
expulsos somente em fins do século XV.
Foram quase 800 anos de ocupação moura por quase
toda a península, o que, inegavelmente, colaborou
para o avanço tecnológico destas nações, uma vez
que os mulçumanos árabes, propagadores do islamismo,
eram mais evoluídos, do ponto de vista tecnológico,
artístico e cultural, do que os cristãos da época. Os
reis que resistiram a este avanço refugiaram ao norte
da península e mantiveram intacta sua cultura, vindo
deles a iniciativa de expulsão da soberania moura na
Península Ibérica.
Incorporada
ao folclore,
durante séculos, a História de Carlos Magno era atração
nas vozes dos trovadores e, somente
em idos do século XIII em Portugal é que a Rainha
Isabel resolveu instituí-la como uma festividade,
aos modos de uma representação dramática, quase que
como um jogo de xadrez, a fim de incentivar a instituição
cristã e o repúdio aos mouros.
A
sua realização está ligada à Festa do Divino Espírito
Santo,
que tem origem na tradição portuguesa e leva em conta
o calendário da Igreja Católica. Segundo a liturgia
religiosa, é o dia de Pentecostes, exatamente 50 dias
após a Páscoa. Provavelmente a Festa do Divino Espírito
Santo foi instituída pela rainha Isabel, esposa do rei
trovador Dom Dinis, de Portugal. No Brasil essa tradição
teria chegado por volta de 1756, com os portugueses, e
ganhando perfil próprio em cada Estado, em cada região
brasileira.
A
FESTA:
Na verdade, cavalhada representa a luta entre mouros e
cristãos. São
doze cavaleiros mouros e doze cavaleiros cristãos. No
final da longa batalha, vencem os cristãos que ainda
conseguem converter os mouros ao cristianismo. Trata-se
de uma tradição praticada em várias regiões do
Brasil, porém com diferenças marcantes de uma região
para outra. Num grande campo de batalha, onde de um
lado, o lado do poente, 12 cavaleiros cristãos vestidos
de azul, a cor do cristianismo, lutam contra 12
cavaleiros mouros vestidos de vermelho, encastelados no
lado do sol nascente.
No
Brasil esta representação dramática foi introduzida,
sob autorização da Coroa, pelos jesuítas com o
objetivo de catequizar os gentios e escravos africanos,
mostrando nisto o poder da fé cristã.
A hierarquia dos exércitos da Cavalhadas segue, tanto
para os cristãos como para os mouros, a seguinte ordem:
dos doze cavaleiros temos no mais alto posto o Rei,
abaixo deste temos o Embaixador e seguindo abaixo os dez
restantes cavaleiros. O último cavaleiro só subirá de
posto se houver morte ou desistência de algum outro
acima, o mesmo acontece com o Embaixador, que só
tornar-se-á Rei se o próprio Rei morrer ou desistir.
Durante três tardes, as “tropas” de cristãos e
mouros representam, com seus desafios e carreiras, as
lutas travadas entre Carlos Magno e os Sarracenos, que
terminam no final da segunda tarde com a rendição, ou
seja, a conversão e batismo dos mouros. Após
a vitória dos cristãos, os mouros são batizados por
um padre.
Os cavalos também são amplamente ornamentados, com
patas pintadas, protegidos na fronte com metais polidos,
e envergando plumas na cabeça.
PERSONAGENS
CRISTÃOS
E MOUROS:
Doze cavaleiros ,em ordem hierárquica, tanto
cristãos como mouros. A mais luxuosa roupa pertence ao
rei cristão e ao mouro. O rei cristão e seu embaixador
usam de duas e três pontas. O rei mouro usa um capacete
dourado do tipo romano.
O
Rei, O Embaixador
e Dez cavaleiros
O último cavaleiro só subirá de posto se houver morte
ou desistência de algum outro acima, o mesmo acontece
com o Embaixador, que só tornar-se-á Rei se o próprio
Rei morrer ou desistir.
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Rei
Cristão :Destaca-se pela liderança dos
cavaleiros, e principalmente pela sua vestimenta
diferente,típica da realeza. |
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Rei
Mouro:Destaca-se dos demais Mouros, pela sua
liderança a frente dos cavaleiros mouros e pelas
suas vestimentas típicas da realeza. |
Mascarados:
É
tão grande atração quanto os cavaleiros mouros e
cristãos. Conhecidos também como "Curucucús",
por causa do som que emitem,
são pessoas que se vestem com máscaras, roupas
coloridas, luvas e botas. Mudam a voz ao falar e
cobrem todo o corpo para que ninguém os reconheçam.
Enfeitam seus cavalos com fitas, tecidos, plantas e
tudo quanto a criatividade mandar. Tradicionalmente
existe vários tipos.
Os mais tradicionais são aqueles
com máscara de cabeça de boi, seguindo pelos que
usam máscaras de onça, máscara de homem, e mais
recentemente apareceram aqueles com máscaras de
borracha, com cara de monstro, destoando um pouco da
originalidade da Festa. Mas isso não diminui a beleza
e o entusiasmo dos Mascarados, que já no sábado saem
às ruas à galope em algazarra. Pedem com vozes
fanhosas cervejas e cigarros aos transeuntes e
divertem a população com suas acrobacias e
brincadeiras.
Outro mascarado muito interessante é o São Caetano,
chamado assim pois orna seu cavalo, escondendo-o, com
ramas de Melãozinho de São Caetano, erva trepadeira
muito comum, e folhas de bananeiras. Leva na cabeça
uma máscara de homem, com um chifre reto na testa, e
na mão uma cesta de frutas que atira para a platéia.
Outro muito engraçado veste-se com um macacão
extremamente grande de tecido de colchão que recheia
com capim, ficando enormemente gordo, envolvem a cabeça
com um pano preto onde pinta em branco a face de uma
caveira.
Não
se sabe a origem destes personagem,
que são encontrados em todas as cavalhadas do Brasil
com diversas diferenças entre as
cidades,provavelmente uma criação brasileira. Eles
se fundem com os cristãos e mouros num trinômio
perfeito. Representam
o papel do povo e daqueles que não tem acesso a pompa
dos cavaleiros, que representam socialmente a elite e
o poder. São irônicos e debochados, fazendo críticas
aos poderosos e ao sistema. E, ao contrário da
rigidez dos Cavaleiros, entre os Mascarados não há
regras, tudo é permitido, menos mostrar a cara.
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