Festas e Mordomias
As nossas gentes, tem muita fé e
devoção na nossa crença religiosa, com grande
particularidade as grandiosas festas e mordomias em honra do
Divino Espírito Santo, não importa de onde somos, sejamos da
Madeira, Açores ou Continente, o importante é sabermos
respeitar os nossos bons princípios.
Os açorianos em particular tem e
sentem forte devoção em tudo quanto é religioso, de modo
especial quando se trata de festividades em honra do
Espírito Santo.
Principalmente os de origens da tão
querida ilha de São Miguel, devido as grandes aflições das
horas até mesmo dias amargos e de incertezas daquela ilha do
Arcanjo, situada no meio do Oceano Atlântico como todas as
outras ilhas estão, desprotegidas de todas as tempestades e
das bravas ondas dos Mares...
Desde então, este povo tão sofredor
das terríveis tempestades com fortes abalos de terra,
fazendo tremer toda a terra da ilha de São Miguel, mais
propriamente Vila Franca do Campo e a freguesia da Ribeira
Seca nesta mesma ilha, a população inteira ao ver e sentir
todo este sofrimento e angustia, acharam um único caminho a
seguir, que foi recorrer e pedir a intervenção do poder da
força do Divino Espírito Santo, só aquele poder Divino os
podia valer, depois de muitas lágrimas derramadas.
Muitos anos mais tarde, e com o
passar dos tempos, e de todas as aflições, estas devoções
Divinas caíram ao esquecimento da população, reiniciando-se
tempos depois, pelas freiras do Convento de Santo André em
Vila Franca do Campo, desta mesma ilha, dedicando então
estas grandes festividades em honra do Divino Espírito
Santo, “ a 15 de Setembro de 1662 “ D. Manuel da Câmara”,
recebeu o título de “Conde”, passando então a reavivar o
culto ao Espírito Santo, “D. Mércia” de tão ansiosa de
concretizar um dos seus maiores sonhos, desabafou-os com as
freiras do mesmo Convento em Vila Franca, onde
recomendaram-lhe a invocação e devoção ao Espírito Santo,
para que assim pudesse receber este seu grande desejo.
Em Novembro de 1665, formaram uma
Irmandade, e logo no ano seguinte, realizou-se o primeiro
Império com muita fé, dedicado em honra do Espírito Santo, a
partir dai, nunca mais parou, passando a ser festejado em
todas as ilhas Açorianas, com algumas diferenças, mas com a
mesma fé e devoção ao Divino Espírito Santo, e com um
sentido muito importante, que era dar esmolas aos mais
carenciados, por isso estes festejos também são conhecidos
por festas da Caridade, onde os mais pobres não devem ser
esquecidos, infelizmente nestes nossos dias em que vivemos,
devido à "ganância", os mais desfavorecidos são esquecidos.
Eu como oriundo da Ilha de São
Miguel, Açores, adoro falar das tradições da terra onde
nasci e me criei, de modo especial da Vila de Rabo de Peixe,
meu berço natal, de modo algum sem querer ofender ninguém
porque todos tem as suas ricas tradições, mas as tradições
da minha terra são as que eu mais conheço, naquela Vila,
estas festas do Divino estão bem vivas, as novas gerações
estão a leva-las em bom caminho, estão bem vivas nos
corações daquele povo, é naquela Vila que existe algo de
diferente e únicas como não à em parte alguma.
Na Vila de Rabo de Peixe existe
seis Impérios que são, São Sebastião, Praça, Rosário, São
João, São Pedro e Caridade, e ainda o império das crianças,
todos com suas coroas e bandeiras, mas à ainda duas
grandiosas festas também divinas mas que não à coroas, mas
sim duas riquíssimas bandeiras com o símbolo do Espírito
Santo, uma chama-se Bandeira da Beneficência, a outra
chama-se Bandeira da Caridade, sendo estas as únicas do
Arquipélagos dos Açores, celebradas de maneira diferentes.
Tudo é decorado com as mais belas
flores do campo, embora não seja como outrora, que eram
usadas as flores dos quintais da vizinhança, sem esquecer o
aroma saudável das criptomérias que ornamentam o barracão
onde são depositadas as carnes dos animais abatidos para as
pensões dos irmãos, a ainda os carros de bois que carregam
estas mesmas carnes, para serem distribuídas, com as mais
belas decorações dos chavelhos.
Durante uma semana em casa do
mordomo, à grande alegria e musica por todos os lados,
bailinhos originais dos nossos pescadores que são muito
afamados, a juventude vive aqueles dias com intensa alegria,
naquelas casas, reina as mais vivas alegrias, com paz e
harmonia, sobretudo no meio familiar, sem esquecer os
amigos, porque eles também fazem parte desta alegria, desde
o mais novo ao mais velho, até mesmo os netos não ficam a
traz, afinal assim é que são as festas em honra do Espírito
Santo, isso é que é confraternidade.
Por: Carlos e Natividade Ledo
Mississauga, Ontário, Canadá
natividade@sympatico.ca
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