Rico
em ouro de aluvião, o município viveu na segunda metade
do século XVIII uma época de grande prosperidade econômica.
As tradicionais famílias importavam da Europa peças de uso
pessoal e de decoração e, numa celebração
à abundância, pó
de ouro
era lançado nos Imperadores e Rainhas durante as procissões da
festa do Divino Espírito Santo.
Chapada da Diamantina
A
Irmandade do Divino Espírito Santo, foi fundada em 18 de
fevereiro de 1770, por portugueses do arquipélago dos Açores,
onde esta tradição medieval se preservou e foi trazida para o
Brasil.
Além de
Salvador, na Igreja Matriz de Santo Antônio Além do Carmo,
teremos o Recôncavo (Cachoeira,
Maragogipe e São Gonçalo dos Campos), e ainda pelo
interior como Andaraí,
Rio de Contas, Ituaçu, Barra da Estive, Porto Seguro,
Jacobina e Juazeiro.
Salvador
Festa do Divino
em Brotas de Macaúbas - BA
A festa do Divino teve inicio há 700 anos em
Portugal, após o Milagre das Rosas protagonizado por Santa
Isabel, quando eram distribuídos pão e carne aos pobres.
Introduzida no Brasil por volta de 1765,
há registros desta festa em todas as regiões do Brasil,
sendo que cada uma tem suas particularidades.
Na Bahia, o Pentecostes é festejado em várias
cidades: em algumas, o Imperador do Divino é representado
por uma criança e percorre as principais ruas da cidade
numa animada procissão seguidas pela Filarmônica onde os
músicos estão trajados de marinheiro (há um momento da festa
em que os músicos tocam pandeiros e outros instrumentos de
percussão, é a chamada marujada). Pela manhã logo cedo tem a
alvorada com canto e fogos de artifício.
Há muitos anos, em Brotas, o Imperador era
uma criança e havia também a marujada, mas com o
crescimento da festa pessoas dos distritos mais distantes
começaram a visitar a cidade montadas a cavalo, e assim
participavam da festa. Esta mudança foi absorvida, e hoje o
Imperador é seguido por uma comitiva de cavaleiros e
amazonas (foto abaixo) que percorrem jubilosos, na tarde de
sábado, as principais ruas da cidade ostentando o símbolo
sagrado do Espírito Santo, a pomba branca da paz.
Imperador Cavalhada
Em
seguida, é feita a parada na frente da Igreja para a
multidão saudar o Divino com cânticos e salva de palmas. À
noite, o Capitão do Mastro segue num animado cortejo pelas
ruas para fincar o mastro em frente à Igreja. Enfeitado de
fitas e flores, o mastro traz no topo a bandeira do Espírito
Santo.
No Domingo pela manhã, fiéis de toda a
comunidade e ainda de outras cidades se reúnem na Igreja
matriz para a missa em louvor do Divino Espírito Santo.
Pessoas que conseguem graças pedindo ao Divino costumam
vestir-se de vermelho ou acompanhar a missa e a procissão
descalças.
Esta festa é um ritual de fé, esperança e
paz, onde os participantes rendem graças ao Divino e renovam
seus votos de crença e amor em Deus
A TRADIÇÃO
DA FESTA DO DIVINO EM BROTAS DE MACAÚBAS
O tropel dos cavalos desperta a multidão e
aumenta a algazarra.
À
frente, um cavaleiro se destaca vestido de
vermelho com uma bandeira igualmente vermelha
com uma pomba branca estampada.
Atrás, um grande número de homens e mulheres
montados a cavalo irrompe pela entrada da cidade
ao som de sanfoneiros e sob o espocar de
foguetes. A criançada corre de um lado para o
outro, a multidão se agita e as palmas celebram
um momento mágico –
a
entrada triunfal do imperador do Divino.
Esse ritual acontece todos os anos, há mais de
uma centena de anos, na cidade baiana de Brotas
Diamantina, incrustada feito um diamante valioso
no coração da Chapada Diamantina (600
quilômetros de Salvador). A Festa do Divino
acontece 40 dias depois da Páscoa quando a
Igreja Católica celebra o Pentecostes (passagem
bíblica que mostra a descida do Espírito Santo
em forma de línguas de fogo, levando sabedoria
aos apóstolos de Jesus Cristo).
Na véspera de Pentecostes, dia de sábado,
acontece a Cavalaria – uma tradição introduzida
na região de Brotas de Macaúbas por imigrantes
portugueses no final do século XVIII. É deles
também a Procissão do Mastro (que lembra a
trajetória de Jesus a caminho do Calvário) e a
Fincada, além do Baile dos Cravos Vermelhos
(tradição que começa a desaparecer), que
integram o calendário de uma das mais populares
festas religiosas do interior do Brasil.
Em
Brotas de Macaúbas, onde o sertanejo é simples e
sofrido, ainda persistem traços do sotaque
português em alguns trechos da Ladainha do
Divino
que
os fiéis – ou não – repetem de casa em casa na
visita da Bandeira, e que os brotenses chamam de
Esmolas. Esse ritual, cheio de significado e
ajuda na integração social entre os moradores,
está sendo desvirtuado ultimamente tanto por
imposição da Paróquia como pela falta de uma
política pública cultural que garanta a
tradição.
LADAINHA DAS ESMOLAS
É chegada em vossa casa
Uma formosa bandeira (bis)
E nela vem retratada
Uma pomba verdadeira (bis)
Divino Espírito Santo
Em vossa morada entrou (bis)
Vem correndo a freguesia
Visitando os morador (bis)
Essa pomba que aqui vem
É de Deus muito louvada (bis)
São as mesmas três pessoas
Da Santíssima Trindade (bis)
Vem pedindo a sua esmola
Que muito carece dela (bis)
Para serem festejadas
Dentro de sua capela (bis)
Divino Espírito Santo
Dono do Sol que nos cobre (bis)
Ele é dono do tesouro
Pede esmola como pobre (bis)
Ele pede é por pedir
Mas não é por carecer (bis)
Pede para experimentar
Quem seu devoto quer ser (bis)
Divino Espírito Santo
Divino consolador (bis)
Consolai as nossas almas
Quando desse mundo for (bis)
Quem se benze com a bandeira
Desse Divino Senhor (bis)
Benze Deus na sua graça
Dentro do seu resplendor (bis)
Quem dá esmola a esse santo
Não repara o que vai dar (bis)
Seja dez reais ou vinte
Fica mil em seu lugar (bis)
Deus lhe pague a esmola
Deus lhe dê muita saúde (bis)
A esmola é caridade
A caridade é virtude (bis)
Deus lhe pague a esmola
Se vos derem com grandeza (bis)
Deus permita que por ela
No reino do céus se veja (bis)
As Esmolas começam a ser
“cantadas” desde o mês de março, em plena
Quaresma, pois precisa percorrer todas as vilas,
distritos, comunidades e lugarejos da Freguesia.
O imperador leva a bandeira e o povo o acompanha
junto com sanfoneiros.
Esse ritual que mistura festa e devoção é
motivador da força da fé que vai desaguar na
grande manifestação de alegria que a Festa do
Divino se reveste.
Orgulhoso por manter viva
uma tradição que remonta das Cruzadas – das
lutas entre cristãos e mouros -, o povo
de Brotas de Macaúbas sabe que foi ali, da
pequena vila criada ao redor da Igreja de Nossa
Senhora de Brotas, que a devoção ao Divino
Espírito Santo se espalhou pelo Brasil afora.
Conta-se que desde que a filha de um rico
fazendeiro lusitano perdeu a vaquinha de
estimação, encontrando-a mais tarde no Boqueirão
que dá origem ao povoado, depois vila e sede do
município, que o Divino é festejado.
O
RUPIADO
Se uma comida pode bem representar a cozinha de
Brotas de Macaúbas, está sem dúvida é o Rupiado.
O prato típico, iguaria é dos mais populares e
serve, principalmente, para curar ressaca.
“Levanta defunto da cova”, costumam dizer seus
apreciadores. Há muitas quituteiras com a
receita na ponta da língua, mas a que damos aqui
é da professora Lícia Martins, especialista e
PhD em Rupiado.
Ingredientes:
Carne moída
Vinagre
Cebola picadinha
Tempero verde
Tomates aos pedacinhos
Pimentão
Cominho
Sal e pimenta a gosto
Ovos
Farinha de mandioca
MODO DE FAZER
Refogue a carne temperada no sal e no cominho e
no vinagre. Adicione a cebola, alho e pimentão.
Depois os tomates. Deixe cozinhar com água como
se fosse para uma sopa. Adicione os ovos
inteiros e deixe cozinhar um pouco. Vá
misturando os ovos ao caldo e adicionando a
farinha com o tempero verde (salsa, coentro e
cebolinha) até formar um angu com a consistência
para ser tomada como sopa. A pimenta é o toque
opcional.
A festa do Divino em Bom Jesus da Lapa - BA
Catedral de
Juazeiro realiza a Festa de Pentecostes
Publicado em
Muitas ruas de Juazeiro ficarão
coloridas de vermelho e branco neste fim de semana.
É que nestes dias os católicos reviverão a festa da
unidade da Igreja: Pentecostes, também chamada de
Festa do Divino Espírito Santo. Na Catedral de
Juazeiro os fiéis se preparam para a comemoração com
uma novena. No sábado (26) a festa começa a partir
das 19h30 com a Missa da Vigília. Domingo será dia
de Missa solene pela manhã e procissão à tarde, como
já é tradição.
“A programação começou no dia 22,
com uma novena do mês de Maria. Neste sábado a
celebração Eucarística será seguida de adoração ao
Santíssimo, Hora da Graça, até a meia-noite. No
domingo a Missa solene de Pentecostes será às 9h. À
tarde, às 16h, teremos procissão, encerrando na
Praça da Catedral com uma Eucaristia festiva”,
informou padre Josemar Mota, pároco da Catedral.
A procissão sairá da quadra nº 17,
Morada do Rio, próximo à APAE. Os fiéis seguirão
pela avenida Flaviano Guimarães, passando depois
pela rua 15, em direção à Catedral. A festa é
organizada pela Paróquia da Catedral e pelo casal
guardião da bandeira do Divino em 2012, Evangivaldo
e Laudicéria. Mas muitos grupos participam com sua
criatividade levando faixas, bandeiras ou
simplesmente vestindo-se de vermelho.
As comemorações pela festa de
Pentecostes não acabam neste fim de semana. As
celebrações em honra a Nossa Senhora terminam
somente na próxima quinta (31), encerrando a novena
do mês de Maio com a coroação da imagem da Virgem
Maria.