BEZERROS DO ESPÍRITO SANTO
na
Ilha Terceira
O texto que se segue é formado por um conjunto de
estórias sobre
‘milagres’ relacionados com os bezerros que são
destinados à refeição cerimonial do ritual do
Espírito Santo. Foram recolhidas na parte Sul e
Sudeste da Ilha Terceira, embora por vezes captassem
relatos de pessoas de outras freguesias e ilhas,
a residirem naquela área.
O conjunto foi extraído de uma recolha geral
versando ‘milagres do Esp. Santo’, destinada a uma
investigação sobre o tema.
Estória
15
No
Topo uma senhora estava para ter
bébé. Ela tinha uma
vaquinha prometida ao Espirito Santo. O marido
queria que a vaca lavrasse mas como a vaca já não
podia mais ele picava nela com um aguilhão e a
vaquinha abateu-se, ele pegou num
tambueiro (uma espécie
de vara )e foi batendo e batendo...O
bébé quando nasceu
estava com a cara toda riscada...Quantas
vardascadas ele deu na
vaquinha do Espirito Santo, quantas apareceram no
corpo do bébé, na cara
então, é regos fundos que é uma coisa séria.
Estoria
20
A
minha freguesia é muito grande e, claro, tem muitas
pessoas; umas são mais devotas do que as outras, eu
sou muito devoto do Senhor Espirito Santo, mas em
toda a parte se encontra aquelas pessoas que fazem
determinadas coisas para dar nas vistas, como por
exemplo, os ricos dão uma função, matam duas ou três
vacas, fazem uma festa muito grande, esquecendo-se
muitas vezes da fé, enquanto que um pobre com as
ajudas dos amigos e familiares acabam por conseguir
dar a função e que até tem mais valor do que a
própria função dos ricos.
Estoria
21
Vou contar uma história que se passou na minha
freguesia: Havia um homem que tinha prometido dar um
bezerro em louvor do Senhor Espirito Santo; acontece
que ele tinha esse bezerro numas terras muito altas,
numas rochas, o bezerro desapareceu e todos e todos
pensaram que o bezerro tinha caído ao mar porque
nunca mais ninguém o viu e, para já, as alturas eram
enormes; o que caísse dali abaixo nunca mais se
salvava. O homem era pobre e naquela altura não lhe
dava jeito comprar outro bezerro. No dia que o
bezerro era para ser morto, apareceu, por isso todos
dizem que foi um milagre do Senhor Espirito Santo,
pois aquele bezerro não ter morrido foi quase uma
coisa impossível. De momento é só do que me lembro
Estória
22
Conheço uma História, tinha eu 16 anos e assisti a
tudo. Esta história aconteceu com um vizinho meu que
tinha prometido dar um bezerro em esmolas; aconteceu
que faltava um mês e meio para a função e o bezerro
desapareceu, andaram esse tempo todo à procura do
bezerro e ele nunca apareceu; então o homem decidiu
comprar outro bezerro para fazer o lugar do que
estava perdido, e assim foi. Comprou-se o bezerro e
matou-se o bezerro. Eu vinha com o sangue do bezerro
pela horta acima e de repente ouvi berrar e olho
para o caminho, lá estava o bezerro com a cabeça em
cima do portão e eu comecei a gritar pelo dono e
começou a vir todas as pessoas para perto do bezerro
e o bezerro entrou para a horta sozinho. O imperador
foi logo buscar a coroa e os homens fizeram uma roda
à volta do bezerro e o bezerro assim que viu a coroa
ajoelhou-se diante dela e o homem que tinha a coroa
pegou nela e deitou-a sobre a cabeça do bezerro; ele
foi benzido e depois foi morto. Foi um dia de
alegria mas ao mesmo tempo havia choros e todas as
pessoas ali presentes diziam que tinha sido o Sr.
Espirito Santo que queria as coisas daquela maneira
e que o Espirito Santo tem muita força e que com Ele
não se brinca.
Estória
23
Conheço uma que se passou com o meu pai, eu era
ainda miúdo e passou-se com uma bezerra. Nós
tínhamos uma vaca muito bonita e ela teve uma cria;
um dia a cria fugiu e a vaca largou-se atrás da cria
acabando por ir cair numa ribanceira e ficou muito
magoada. Meu pai prometeu que se a vaca ficasse boa
daria a cria em louvor do Divino Espirito Santo e
assim foi; a vaca ficou boa e a bezerra foi
crescendo e ficando bonita. Meu pai continuou com a
ideia de dar a bezerra ao Divino Espirito Santo mas
primeiro queria obter uma cria dessa mesma bezerra e
a bezerra ia ajudando na terra, aconteceu que a
bezerra nunca teve cria; ainda andou una tempos e
nada, e tornou-se muito malcriada, nunca mais nos
ajudou na terra. Meu pai acabou por oferecer a
bezerra, mas podemos tirar uma conclusão daqui: O
Senhor Espirito Santo queria a bezerra na hora que
lhe estava destinada e não quando nós a queríamos
dar.
Estória
24
Um
padrinho meu que criou uma bezerra desde pequena
para dar uma mesa de esmolas a doze pobres ficou com
muito custo de a matar quando ela já tinha dois anos
porque queria ficar com as crias da bezerra e então
comprou outra do mesmo valor, matou-a e deu as
esmolas, mas no dia que ele tinha prometido que a
matava a bezerra estava num cerrado que no lado de
baixo tinha uns vinheiros
onde a bezerra acabou por morrer enforcada numa
árvore. O meu padrinho aceitou aquilo como um
castigo porque o que está prometido ao Sr. Espírito
Santo tem que ser cumprido.
Estória
25
Havia um homem no Topo em S. Jorge que tinha gado
prometido ao Sr. Espírito Santo. Esse gado estava no
Ilhéu e quando chegou ao dia de ir buscá-lo o mar
estava bravo e não conseguiam ir de barco. O homem,
ficou muito desgostoso e teve que comprar gado para
cumprir a promessa e nesse mesmo dia que iam matar
foram chamar o homem a dizer que o gado que estava
no Ilhéu encontrava-se no cais do Topo. O homem
aceitou aquilo como um milagre. Por isso eu acho que
devemos cumprir sempre as promessas que fazemos ao
Divino Espírito Santo.
Estória
28
O
meu marido fazia parte de uma comissão de festas. Um
dia juntou-se um grupo de homens que foram ver os
bezerros que estavam destinados para o Sr. Espírito
Santo. Assim dirigiram-se para o Mato para irem ver
os bezerros, só que no mato estava muito nevoeiro e
eles acabaram por se perder. As horas foram passando
e as esposas já estavam preocupadas No outro dia de
manhã saíram vários carros para os ir procurar,
telefonámos para os hospitais e para a polícia mas
eles não, sabiam de nada. Porém pouco depois a
polícia acabou por encontrá-los no Caminho do
Cabrito. Tinham passado a noite num palheiro. No dia
seguinte quando viram por onde tinham andado acharam
uma coisa impossível pois tinham passado às escuras
por cerrados com fendas e onde haviam toiros. Por
isso dizem que foi o Sr. Espírito Santo que os
ajudou. No outro dia então sempre foram buscar os
bezerros que estavam prometidos ao divino Espírito
Santo.
Estória
29
Vou contar uma história que não é do meu tempo:
Aconteceu cerca de l82O. Na freguesia do Pico, num
sítio que ´e mistério. Antigamente era terreno de
cultivo mas devido a lavas vulcânicas que vieram do
mar para terra ardeu o terreno todo ficando o mesmo
inculto. Nesse sítio encontrava-se um bezerro que
era para promessa do Divino Espírito Santo e no
local onde ele se entrava não houve lavas, mesmo só
naquele ; o resto ficou ardido.
Estória
32
A
minha mãe contava-me que na freguesia da Serreta
havia uma casa com uns cerrados onde havia um
bezerro do Senhor Espírito Santo. Na altura houve lá
muitos abalos que estavam a revirar tudo, mas ali
não chegou e a casa escapou.
Estória
34
O
meu filho foi para a marinha e morreu faz agora 20
anos mas quando veio para cá passar férias deu-me
dinheiro para comprar um bezerro para quando viesse
cá segunda vez dar um jantar a crianças pobres mas
no dia que fez dois meses que ele embarcou para
Lisboa, morreu e nunca se matou o bezerro. Eu já
disse que vou matar um bezerro e dar esmolas e o
jantar porque essa promessa era do meu filho mas eu
quero cumprir. Todos os meus filhos são devotos do
Sr. Espírito Santo. Quando ele vem para minha casa é
uma alegria.
Estória
36
Vou contar uma história passada com uma vaca que
estava prometida ao Sr. Espírito Santo para dar
esmolas, mas depois a vida dessa pessoa não estava a
correr bem e como a vaquinha estava a dar leite
resolveram matá-la no ano seguinte e desta maneira
obtinham uma cria da vaca. No ano em que a vaca teve
o bezerro, morreu, e o bezerro teve que ser criado à
mão e depois essas pessoas ficaram sempre com
remorsos porque aquela vaca tinha sido prometida e
afinal não tinha sido cumprido e então deram o
bezerro que era filha da vaca em louvor do Divino
Espírito Santo e foi um bezerro lindo. Essa família
já morreu mas ficaram sempre com aquela pena e aí
está a tal coisa que se diz: com o Sr. Espírito
Santo não se brinca.
Estória
41
Foi no tempo dos vulcões. Dizem que fez um vulcão
muito grande num lugar que chamam “queimado”. Dizem
que ardeu tudo à volta e tinha um bezerro que era
para fazerem uma festa ao Sr. Espírito Santo
portanto um bezerro para dar uma função (naquele
tempo usava-se fazer funções ) ardeu tudo à volta
mas o lugar onde estava o bezerro ficou intacto e
este não morreu.
Estória
46
Aqui há muito tempo havia uma vaca nos Ilhéus que
estava destinada ao Sr. Espírito Santo e quando
chegou quase a época do Espírito Santo para a
matarem o mar estava muito bravo e não se pude ir
buscar a vaca. Um dia mais tarde a vaca veio
sozinhas nadando até à porta do dono.
Estória
47
Ainda há pouco tempo o meu filho deu uma função e
matou uma vaca que estava para ter bezerro e eu
disse a ele que não a matasse porque era uma pena. E
ele disse: Não mãe, está destinada para o Sr.
Espírito Santo e tem que se matar porque ela podia
morrer por uma doença qualquer e nem ia para o Sr.
Espírito Santo nem nada. O que é destinado para o
Sr. Espírito Santo tem que ser para o Sr. Espírito
Santo.
Estória
48
Um
dia o Sr. Francisco da Canada que mora em Santa
Barbara matou uma vaca e deu uma função mas a vaca
era muita brava e pensaram que seria difícil
apanhá-la. Mas quando deram o ceptro a beijar à vaca
ela ajoelhou-se em frente ao altar e ficou muito
mansinha-
Estória
49
Isto passou-se em Santa Barbara: Tinham deitado um
bezerro no mato a criar para o Sr. Espírito Santo
mas quando foram buscá-lo houve muita chuva as
ribeiras encheram e foi impossível traze-lo. Então
arranjaram outro para matar e na altura em que iam
matá-lo apareceu o outro à porta e é claro que
mataram o que apareceu.
Estória
52
Um
primo meu criou um bezerro para a minha filha dar
esmolas em louvor do Divino Espírito Santo. Quando
foram buscar o bezerro para matar este era muito
arisco e não deixava ninguém tocar-lhe. Os meus
netos aguentaram um de cada lado e trouxeram o
bezerro para o pátio. A minha filha tinha uma coroa
do Espírito Santo e veio com ela ao encontro dos
rapazes. O bezerro ajoelhou-se e ficou ali muito
sossegado. Depois a minha filha deu o ceptro a
beijar ao bezerro que encostou o focinho e depois se
pôs em pé e ficou sempre muito quieto.
Estória
53
Aqui também havia o costume das casas que tinham o
Senhor Espírito Santo os criadores davam um bezerro
a criar ou então compravam no dia de matar;
habitualmente matavam na sexta feira para darem
esmolas no sábado, enfeitavam o bezerro com flores
de papel e estrelas, traziam o bezerro a casa por
vezes com cantoria, o bezerro entrava no quarto onde
estava o Sr, Espírito Santo armado e ajoelhava-se,
bastava só dar-lhe um toquinho
no joelho, eu cheguei a ver várias vezes: os
bezerros ajoelhavam ali eles levavam o ceptro ao
beiço e depois ao beijarem o Ceptro levantavam-se e
iam-se embora como se fosse uma coisa “empurrada”
Estória
63
Foi o Senhor Espírito Santo, de S. Carlos. Um
bezerro que era muito arisco (mau) foi pela Silveira
abaixo até ao Fanal e os pescadores de S. Mateus que
estavam a pescar viram aquela cabeça ao de cima de
água e pregaram um susto pois não sabiam o que era.
Quando viram que era um bezerro trouxeram-no para o
porto, vivo.
Estória
65
Um
senhor que tinha o Divino Espírito Santo em casa
estava mal com o irmão que era padre e não lhe
queria dar esmola. Teve o Sr. Espírito Santo e não
matou bezerro para dar em esmolas. Passou-se o dia e
quando foi buscar o bezerro este estava morto.
Estória
68
Na
nossa casa o meu pai tinha um bezerro que não queria
engordar. Pediu então ao Senhor Espírito Santo para
que ele crescesse e prometeu dar esmolas. O bezerro
cresceu muito ficou um grande boi e meu pai deu as
esmolas que tinha prometido.
Estória
69
Um
homem que tinha em casa o Sr. Espírito Santo criou
um bezerro para dar esmolas em louvor do Divino mas
como eram pobres e o bezerro estava muito gordo
resolveram vendê-lo e comprar outro com menos peso.
Estas pessoas moravam nas l2 Ribeiras e quando
vinham a pé com o bezerro para a praça ao chegarem a
um caminho que tinha uma entrada para o mar e ele
meteu-se para lá. O homem apegou-se com o Senhor
Espírito Santo e prometeu se ele voltasse para trás
já não o, vendia para dar esmolas com ele. Mal disse
isto o bezerro voltou logo para trás e o homem
cumpriu a promessa dando esmolas com ele.
Estória
72
No
pasto tinha um bezerro do Senhor Espírito Santo e
houve um incêndio nesse pasto e no lugar que o
bezerro estava não ardeu nada. Ficou lá o formato do
bezerro muito verde e o resto queimado. E nunca mais
nasceu erva naquele lugar que ficou queimado e ficou
a marca do bezerro sempre verde. Eu acho que isto
foi um milagre do Senhor Espirito Santo porque o
bezerro era para o Senhor Espírito Santo.
Estória
74
Na
freguesia do Topo um homem muito rico que tinha
vinda da América e tinha prometido matar três bois
para dar esmolas ao povo quando faltava oito dias
para a função pôs os bois a pastar no ilhéu. No dia
de os matar o mar ficou muito bravo e o homem não
sabia com havia de ir buscá-los. Então resolveu
comprar outros bois para matar em lugar dos outros.
Mas quando estava a matá-los apareceram os bois que
estavam no ilhéu. O homem achou que aquilo era um
milagre o Divino Espírito Santo e resolveu matar os
bois todos e dar esmolas maiores.
Estória
77
Conheci um senhor que tinha muita fé no Senhor
Espirito Santo por isso tinha muita vontade de
servir no bodo mas nunca lhe saia o pelouro. E ele
comprou um bezerro para o Senhor Espirito Santo
antes de sair o pelouro. Nesse dia saiu-lhe o
pelouro, matou o bezerro e deu esmolas em louvor do
Divino Espirito Santo.
Estória
8l
Uma vez na minha rua passaram uns bezerros que
tinham sido prometidos ao Senhor Espirito santo mas
de repente um deles foi vendido e destinaram outro
bezerro para o Espirito Santo. Mas na hora de matar
o bezerro o outro que tinha sido vendido veio ter à
porta do lugar onde estavam a matar o outro bezerro
e ajoelhou-se como se estivesse a dizer “Eu estou
aqui, eu é que fui destinado para matar, com o
Espirito Santo não se brinca”. Eu acho que o Senhor
Espirito Santo não é vingativo, as pessoas é que
são.
Estória
83
Nós temos muita fé no Divino Espirito Santo por isso
fizemos a seguinte promessa Que se ele nos ajudasse
e tivéssemos sorte na vida agente comprava um
bezerro e dava em esmolas em louvor do Divino. E
pouco a pouco a gente foi tendo mais sorte na vida.
O que nós pedimos ao Senhor Espirito Santo foi
conseguir trabalho para podermos pagar a nossa casa.
Depois de termos a nossa vida melhor comprámos o
bezerro e demos esmolas. Eu nunca tinha aquilo que
se tinha passado com a gente. Fomos levar a coroa do
Divino Espirito Santo até ao bezerro antes de matar.
Quando íamos pelo pasto fora o bezerro correu em
direcção ao Espirito Santo e começou a beijar a
coroa. Isto são coisas que só quando a gente vê é
que acredita.
Estória
84
A
minha família ia dar uma função mas era costume
antes de matarem os bezerros trazerem-nos ao altar
do Espirito Santo mas a minha mãe disse que não se
trazia o bezerro porque ele era muito mau e podia
fazer estragos. Mas os homens entenderam que se
devia levar o bezerro a casa. Pois eu nunca mais me
esqueço do que se passou. O bezerro quando chegou à
porta ajoelhou-se e foi de joelhos até ao altar do
Divino Espirito Santo para ser benzido. Depois o
bezerro saiu de joelhos para a rua e quando lá
chegou ficou bravo como um toiro. Eu acho que isto
foi um grande milagre do Senhor Espirito Santo.
Estória
85
A
minha filha tinha 4 anos quando se queimou e ficou
muito mal. Os médicos desconfiavam que ela não tinha
muitas horas de vida...Foi então que eu e o meu
marido fizemos uma promessa ao Senhor Espirito
Santo. Que se ela ficasse boa ia coroar e dava um
jantar a crianças da idade dela. Uns dias depois ela
começou a falar e a dizer o que a gente tinha dito.
Ela ficou ainda dois meses no hospital e dali a um
ano a gente coroou e matámos um
bezerrinho pequeno e o Espirito Santo fez
mais um milagre. Quando chegámos a missa uma tia
minha disse parta entrar toda a gente porque tinha
comida para toda a gente. Todos comeram e ainda
restou comida…Temos muita fé no Divino Espirito
Santo.
Estória
87
Houve uma pessoa que matou uma bezerra para dar em
esmolas em louvor do Espirito Santo para cumprir uma
promessa feita. Quando puseram o ceptro nos beiços
da bezerra esta ajoelhou-se. E eu juro que isto é
verdade porque estava presente.
Estória
89
Eu
já estive em lugares que era preciso ir ajudar a
buscar os bezerros do Espirito Santo e nessa altura
é que eu vi o que era. Eram muitos homens e mesmo
assim foi difícil trazer os bezerros. Quando
chegámos perto da porta onde tinha o Espirito Santo
os bezerros acobardaram e foi preciso eles irem para
dentro de casa um por um... e o dono da casa deu um
baquinho por trás na
curva das mãos dos bezerros e eles ajoelharam-se.
Estiveram ali um bocadinho e depois saíram para a
rua. A gente tem que ter muito respeito ao Divino
Espirito Santo.
Estória
9O
Fui uma vez mais um velhote buscar lenha para o mato
e chegámos lá cima onde havia um terreiro. Aquilo
foi um vulcão que rebentou, tem lá um monte muito
grande de pedra queimada e é tratado como os
mistérios. Eu vi lá o terreiro e perguntei aos
outros mais idosos o que significava aquilo. E eles
contaram-me o que se tinha passado: rebentou aqui um
vulcão e há aqui em cima um terreiro onde estava um
bezerro do Espirito Santo que esteve sempre ali e
nada lhe aconteceu. O vulcão rebentou e o bezerro
ficou intacto. Foi o Divino Espirito Santo que fez
com que o bezerro não desaparecesse. Se o vulcão
destruiu tudo porque razão não destruiu também o
bezerro do Espirito Santo ?
Estória
9l
Conheci um senhor que tinha o filho doente e
prometeu ao Espirito Santo que se o filho melhorasse
matava um bezerro e dava em esmolas em louvor do
Divino Espirito Santo. O seu filho ficou melhor e
ele nunca mais se importou em dar as esmolas. Ora o
que é que acontece ? Dali a dias o bezerro adoece e
morre. Aí está a prova que se ele tivesse cumprido a
promessa o bezerro não tinha morrido.
Estória
93
Uma vez uma bezerra do Espirito Santo estava a
pastar mas saltou para o prédio do vizinho. Este
vizinho que era um senhor muito mau quando viu a
bezerra no seu prédio, ficou tão furioso que lhe
bateu, ferindo-a até lhe deixar algumas marcas na
cara. Dali a algum tempo este senhor teve um filho
que nasceu com as mesmas marcas no rosto que o pai
tinha feito à bezerra do Espirito Santo.
Estória
95
Havia uma Lagoa no mato e tinha um ilhéu que era uma
lagoa e ilhéu e iam fazer uma coroação e um senhor
disse assim: Vamos buscar o boi ao mato para matar.
Mas quando chegámos lá o boi já não estava no ilhéu
por isso já não se podia matar. Então resolveram
matar outro bezerro. Quando iam matá-lo o bezerro do
Espirito Santo apareceu.
Estória
97
O
meu avô contava que a terra começou a tremer. As
pessoas ficavam nas suas casas e faziam barracas com
cobertores... e a terra não parava de tremer e
depois lembraram-se de fazer uma procissão do Senhor
Espirito Santo. E havia um homem que ia todos os
dias para o mato cuidar do gado e as pessoas ficavam
muito aflitas porque a terra não parava de tremer.
Quando a procissão do senhor Espirito Santo estava
no caminho, o homem veio do mato e disse que tinha
rebentado fogo e lá tinha um bezerro que estava
destinado para dar em esmolas em louvor do Espirito
Santo. Tudo se queimou menos o lugar onde o bezerro
estava e o bezerro ficou vivo.
Estória
lO3
O
meu sogro tinha uma ferida no nariz e notou que não
era coisa boa. Foi ao médico que queimou aquilo e a
minha sogra prometeu um bezerro em louvor do
Espirito Santo se ele ficasse bom e o meu sogro
melhorou.
Estória
lO4
O
meu bisavô tinha uma coroação para fazer e tinha
prometido dar esmolas em louvor do Senhor Espirito
Santo de um boi muito grande que tinha. Quando foram
buscar o boi ao mato já não o encontraram. Mas o meu
bisavô disse: Não faz mal, temos outro que é do
mesmo tamanho e a gente mata. E assim fizeram,
mataram o outro bezerro e quando estava já tudo
preparado para dar as esmolas ouviram um barulho lá
fora e foram ver o que era. Era o outro boi que
tinha vindo do mato sozinho. O meu bisavô então
disse: Não faz se este bezerro veio ter aqui é
porque o Espirito Santo assim quis. Então mataram
também aquele boi e depois deram esmolas na
freguesia toda.
Estória
105
Eu
sei de uma coisa que se passou com o meu pai que
tinha bezerros. Um dia um irmão meu teve um acidente
de mota e ficou muito doente. O meu pai prometeu se
o meu irmão ficasse melhor matava um bezerro dos
seus e dava esmolas em louvor do Espirito Santo. O
meu irmão foi melhorando aos poucos e o meu destinou
qual era o bezerro que era para matar. Mas nas
vésperas de o matar ele adoeceu. O meu pai então
destinou matar outro bezerro mas no dia em que o,
iam matar o outro bezerro ficou melhor. Nós todos
ficámos muito espantados... e acabou por se matar o
bezerro. Isto foi uma coisa que nunca me esqueci. E
é uma das grandes causas que me leva a ter muita fé
no Divino Espirito Santo-
Estória
lO8
Os
antigos contavam que uma vez puseram os bezerros do
Espirito Santo no Ilhéu das Cabras. Quando chegou o
dia de matarem os bezerros para dar esmolas do
Espirito Santo o mar estava muito mau e não se pode
ir buscar os bezerros. Resolveram matar outros
bezerros mas no dia de o fazer os outros bezerros
apareceram à porta.
Estória
110
Um
dia nós íamos tomar banho (eu e a minha família ) e
quando passávamos por uma zona deserta um agricultor
atravessou o caminho e o meu pai não pode evitar o
que aconteceu: atropelou o senhor que até já era
idoso. A minha mãe ficou muito aflita e na altura
prometeu matar um bezerro e dar em esmolas em louvor
do Espirito Santo se o senhor não morresse ou
ficasse doente. O senhor ficou com algumas feridas
mas não foi nada de grave e a minha mãe cumpriu a
promessa. Matou um bezerro e deu esmolas a pessoas
de uma freguesia mais pobre. (S. Mateus).
Estória
ll6
Estava-se no começo da ultima guerra e a inspecção
dos mancebos já não se fazia com um simples pedido.
A junta de inspecção já com o fim de prevenir essas
aldrabices era constituída por médicos que vinham do
Continente e mesmo de outras ilhas. Por isso algumas
pessoas faziam promessas para que os filhos não
fossem para a tropa. E como exemplo vou contar um
historia da minha tia: Uma tia minha prometeu se o
filho não fosse para a tropa matava um ou dois
bezerros e dava uma função e esmolas em ,louvor do
Espirito Santo. Ela fez essa promessa porque era
viuva e o filho era tudo para ela e além disso era o
único meio de sustento da casa. E de tal modo o
Espirito Santo ouviu o pedido da minha tia, que o
meu primo não chegou a ir para a tropa e conseguiu
fugir àquele horror que foi o Ultramar...e se a
minha tia perdesse aquele filho era como perder
tudo, ela ficava sozinha no mundo. Portanto eu acho
que esta foi uma graça que o Espirito Santo concedeu
`minha filha. .
Estória
l20
Eu
tinha um bezerro grande e bonito, mas de uma hora
para a outra ele ficou muito doente, estava mesmo a
morrer e eu não tinha outra solução senão acabar com
o sofrimento dele. Mas quando eu estava a preparar
tudo para matar o bezerro, o meu sogro chegou e não
me deixava matá-lo. Eu disse ao meu sogro que já não
havia solução, que ele já estava quase morto. Mas o
meu sogro insistiu para eu não matar o bezerro e
prometeu dar esmolas em louvor do Espirito Santo por
alma dos nossos e por alma do Purgatório e eu disse
ao meu sogro que não se dá coisas mortas. Mas ele
disse que o Senhor Espirito Santo, dos mortos faz
vivos e eu deixei ficar e no outro dia ele já estava
bom. Eu matei o bezerro e cumpri a promessa que o
meu sogro tinha feito. E deu muita carne, ninguém
dizia que aquele bezerro já tinha estado à beira da
morte. Eu nunca esqueci isto.
Estória
l2l
Uns homens que tinham um bezerro no pasto quando
foram buscá-lo para o matar trouxeram o bezerro
enganado. E quando estavam a matá-lo ouviram um
barulho ao pé do portão, quando foram ver o que era,
viram que era o bezerro do Espirito Santo, que era
para ser morto. Ele nunca tinha estado ali, não
conhecia o caminho, mas o destino dele era ser morto
e distribuído em louvor do Espirito Santo. Os homens
acabaram por matar os dois bois e deram mais
esmolas.
Estória
l25
Eu
conheço um rapaz que teve um desastre de mota e
magoou-se numa perna e a única solução que os
médicos encontravam era amputar a perna. Na véspera
de ser operado ele estava muito triste e prometeu ao
Divino Espirito Santo se ficasse melhor perna,
matava dois bois que tinha para dar esmolas em
louvor do Espirito Santo. E no outro dia quando o
foram buscar para ser operado viram que a perna já
estava boa., e os médicos perguntaram-lhe o que é
que tinha feito. Ele disse-lhes que tinha feito uma
promessa ao Divino Espirito Santo.
Estória
l29
Cheguei às vacas de manhã e tinha uma vaca que tinha
dado bezerrinho, mas a
vaca que tinha dado bezerrinho
tinha caído duma parede abaixo não podia se pôr em
pé e depois à tarde o veterinário viu-a, deu-lhe uma
injecção e fomos buscá-la numa trela para a casa de
despejo, quando foi de manhã tornámos a carregá-la
para a trela e levámo-la para a relva (eu parecia
que ela ia morrer) mas prometi ao Espirito Santo se
ela melhorasse e não morresse de dar o
bezerrinho que ela tinha
dado ao Espirito Santo. Mais tarde fui a relva e
dali a instante ela pôs-se em pé. Pois foi um
milagre do Espirito Santo e vou-lhe dar o bezerro
que prometi.
Estória
l30
Há
muitos anos servi no Império das Doze Ribeiras e fui
com os gueichos ao
matadouro que era para os matar e dar em esmolas. Ia
mais um filho meu, depois deu em chover muito
durante a viagem. Quando chegámos ao
Escampadoiro não
podíamos passar pelas ribeiras, estava tudo raso de
água, nem as paredes apareciam, depois estivemos à
espera de vagar; assim quando vagou (já apareciam as
paredes) fomos experimentar e o gado já conseguia
andar e no meio da ponte um
gueicho guindou para o lado de cima da ponte,
pois era um mar de água e o
gueicho desapareceu; nisto agente avista a
cabeça de fora da água já muito longe. Lá estava eu,
o meu filho e tinha mais pessoal; todos deram em
gritar, nisto há um “maroiço”
ao lado da ribeira e o gueicho
trepou-o e ficou nesse “maroiço”
e escapou. Depois demos em gritar que era um milagre
do Espirito Santo e como uns homens que estavam lá e
que eram de S. Mateus com uns
gueichos e vacas e com o leite ,estavam à
espera da chuva vagar e também deram em gritar que
foi um milagre do Espirito Santo e depois então
quando a ribeira vagou, mais para o outro lado é que
a gente o tirou, ele estava intacto. Os outros
gueichos estavam num
pasto, depois juntámo-los aos outros
gueichos e continuámos a
nossa caminhada até ao matadouro. Estávamos todos
alagados mas correu tudo bem. Na altura que o
gueicho caiu na ribeira
não esteve lá criatura nenhuma que não chorasse; só
quem passa.
Estória
137
Entretanto a minha filho fez os 20 anos, coroámos e
fizemos tudo como tínhamos prometido; seguidamente o
meu marido faleceu e tínhamos uma vaca que tinha
sido destinada por ele para dar esmolas em louvor do
Senhor Espirito Santo, mas a vaca ficou doente e não
comia, ficou muito magra. Pensámos em arranjar outra
para a substituir, mas chorei muito porque aquela é
que estava destinada pelo meu marido, três semanas
antes a vaca deu em comer e engordou mais do que a
outra e ficou com mais três arrobas do que a outra
que tinha pensado para q substituir. Grande milagre
o Senhor Espirito Santo me fez.
Estória
142
O
meu homem tinha uma vaca doente (muito mal) e
prometeu de dar uma cabeça de vaca feita em alfenim
ao Senhor Espirito Santo. Ele levou a cabeça de
alfenim ao Espirito Santo e a vaca ficou melhor.
Estória
144
Pedi uma graça ao Espirito Santo e Ele concedeu-me
essa graça. Comprámos uma vaca e demos a vaca em
esmolas e um jantar a familiares e amigos. Ficámos
muito agradecidos por Ele nos ter concedido essa
graça.
Estória
145
As
vacas quando ficam doentes às vezes têm abortos, por
isso é que a gente promete dar um quarto do bezerro
ou o bezerro todo. É conforme a promessa que se faz
ao Senhor Espirito Santo, e muitas vezes as vacas
não chegam a abortar.
Estória
148
À
volta de vinte e tal anos, eu estava numa casa que
tinha o Senhor Espirito Santo, e foram buscar um
bezerro muito bravo, vinha a correr muito e a fazer
muita folia e depois entrou numa rua que tinha nessa
casa e levaram-no pelo corredor abaixo e chegou à
porta da sala, abriram a porta e o bezerro entrou
ali quietinho e as
pessoas dobraram-lhe os joelhos diante do altar que
tinha o Espirito Santo e fizeram-lhe uma cruz na
cabeça com o ceptro e ele ficou ali
quietinho e tornou a
sair pela porta fora.
Estória
149
E
então dizem que estavam uns animais prometidos para
o Senhor Espírito Santo num terreno perto onde
rebentou o fogo. Era para uma coroação de maneira
que os animais escaparam, escapou aquela área onde
estavam aqueles animais e esse sítio ainda hoje em
dia está com pasto e os outros prédios ali à volta
estavam todos revirados em pedra.
Estória
150
Sumiram-se umas reses nossas e prometemos se elas
aparecessem, dar uma vaquinha de alfenim ao Espirito
Santo, até foi a minha mulher que prometeu. E elas
apareceram e pagámos a promessa
Estória
151
A
casa foi caída pelo abalo de 1980, e o meu irmão
reconstruiu a casa e prometeu ao Senhor Espirito
Santo se a fizesse toda e a pagasse, de coroar e dar
um bezerro em esmolas...e assim foi.
Estória
152
Havia um bezerro que era para o Espirito Santo e
depois pensaram em não dar aquele bezerro, e
arranjaram outro para o lugar daquele bezerro,
porque o bezerro era muito perfeito e ficava para
aparelhar com uma bezerra. Mas o bezerro que eles
queriam trocar caiu num caminho fundo e morreu pois
aquele bezerro estava era destinado para o Espirito
Santo e não para aparelhar com uma bezerra.
Estória
154
Havia um senhor que prometeu dar uma rês em louvor
do Espirito Santo, mas ia passando ano em ano e
nunca a matava. Certo dia essa rês caiu pela rocha
abaixo e depois ele disse ao pessoal da freguesia
que quem quisesse ir buscar esmolas que
aproveitassem a ir buscar a carne dessa rês.
Estória
155
Um
homem tinha prometido dois bezerros para dar uma
função, e um sumiu-se, e esse homem estava para
matar outro bezerro porque aquele bezerro até àquele
momento não tinha aparecido; de repente apareceu,
pois estava prometido ao Espirito Santo e esse
bezerro foi ter ao sítio que estavam a matar o outro
bezerro que também tinha sido prometido e
seguidamente mataram-no.
Estória
156
Eu
tinha uma promessa de dar jantar a inocentes e de
dar esmolas por alma dos meus defuntos. E os rapazes
queriam era que eu fizesse uma coroação mas, para
isso eu teria que convidar o povo quase todo da
freguesia e certas pessoas à volta da ilha pois eu
ia a muitas coroações e até mesmo para cantar; pois
tinha que os convidar. Entretanto resolvi arranjar
um bezerro para o jantar e duas reses para dar em
esmolas, só que depois fiz uma troca com uma
gueicha que estava
prometida ao Espirito Santo por um
gueicho. Mas essa
gueicha que eu fiz troca
deu-lhe uma doença e acabou por morrer. Mais tarde
um desses bezerros troquei com outro
gueicho; um desses
bezerros que troquei caiu por uma barreira e partiu
uma perna e ficou com essa perna seca. Também quando
o rapaz veio do Ultramar perdeu um
gueicho que era para o
Espírito Santo e lá ficou com outro bezerro para o
lugar daquele; de repente o
gueicho partiu uma mão .Os
gueichos quando são
prometidos ao Espirito Santo deverão ser cumpridos.
Isto que me aconteceu será aviso, castigo...não sei.
Estória
157
Nuns
pastos destas freguesias apareceu uma rês do
Espirito Santo junto duma rês de um certo lavrador.
E os filhos desse lavrador deitavam-na fora dos
pastos onde se encontrava o gado do lavrador, mas
essa rês ia sempre ter com o gado. Até que chegou a
uma das semanas do Espirito Santo e no dia próprio
de matar as reses prometidas ao Espirito Santo, essa
rês saiu para fora e o tal lavrador metia-a para
dentro e ele continuava a sair. Depois um filho
desse lavrador foi sempre atrás dessa rês até onde
ela parasse e ela foi ter ao lugar que era para
matá-la.
Estória
158
Em
S. Jorge há ali uma passagem rodeada de mar. Tinha
lá no Topo de S. Jorge numa pastagem um bezerro e o
mar embraveceu; quando chegou na altura de o matar
não o podiam ir buscar. Mas na hora que o bezerro
era para ser morto para fazer a função, ele apareceu
no lugar onde os matadores precisavam dele para
matar.
Estória
159
Um
bezerro que foi engordado na Feteira e que estava
prometido para o Espirito Santo e esse homem que o
engordou veio traze-lo para aqui para a Serreta.
Esse bezerro fugiu para fora do pasto onde se
encontrava na Serreta e nunca mais apareceu. E na
véspera do dia dele ser morto foi ter à casa onde
tinha o Espirito Santo na Feteira e onde ele tinha
sido prometido ao Espirito Santo. O dono perguntava
a todas as pessoas que encontrava se tinham visto um
bezerro preto lavradores ninguém sabia dizer o
paradeiro desse bezerro. Entretanto esse homem foi
saber que esse bezerro que tinha comprado foi ter à
casa materna pelo motivo de ter sido prometido para
o jantar do Divino Espirito Santo.
Estória
160
Sucedeu na Freguesia das Quatro Ribeiras. Uma
senhora tinha o Espirito Santo e coroava no dia de
bodo. O seu marido tinha muitas vacas e ela pediu
para ele matar uma gueicha
qualquer para dar em esmolas no sábado mas o marido
não quis. Essas vacas e sete bezerros estavam a
pastar ao pé do rochedo, acima dos moinhos e quando
foi da quinta para a sexta feira, os bezerros caíram
todos ao mar (onde agora é o Porto das Quatro
Ribeiras). Essa mulher tinha um quintal encostado à
rocha e esses bezerros foram ter de manhãzinha da
sexta feira ao pé dessa rocha, mortos, ali ao de
cima da água. Pois nós todos tomámos isto como um
castigo porque a mulher queria dar uma vaca ou um
bezerro em esmolas e o marido não quis dar nenhum em
esmolas.
Estória
161
Era um senhor que foi à praça comprar um bezerro que
tinha sido prometido para o Espirito Santo. Ele,
quando chegou a casa não sabia, pegou na aguilhada
para bater no bezerro mas o bezerro não andava e
caía a aguilhada da sua mão. Depois o dono do
bezerro ficou muito surpreendido pelo que acontecia
e foi no outro domingo à praça a ver se encontrava a
pessoa que o tinha vendido. Encontrou-o e esse homem
já estava arrependido de tê-lo vendido porque esse
bezerro tinha sido prometido ao Espirito Santo
através de um milagre. Assim o dono do bezerro
devolveu-o ao seu próprio dono.
Estória
162
Um
rapaz que era natural da Serreta e casou com uma
rapariga das Doze Ribeiras e que tinha uma promessa
de dar um bezerro em esmolas para o Espirito Santo,
emigraram para o Canadá e não deram esse bezerro em
esmolas. No dia seguinte o bezerro morreu.
Estória
167
Foi um bezerro que estava muito bravo mesmo.
Estavam-se inquietando três homens para o aguentar e
o Sr. José Meneses colocou o ceptro na cabeça do
animal que ele não mexeu mais, mansinho, mansinho.
Estória
167
Foi um bezerro que estava muito bravo mesmo.
Estavam-se inquietando três homens para o aguentar e
o Sr. José Meneses colocou o ceptro na cabeça do
animal que ele não mexeu mais, mansinho, mansinho.
Estoria
171
Um
homem fez uma promessa de dar um bezerro em esmolas,
só que ele morreu e a família descuidou-se de pagar
essa promessa e o bezerro foi até ao cemitério à
sepultura do homem e ajoelhou-se, e depois a família
foi buscar o bezerro e quando o bezerro chegou à
porta do cemitério voltou para trás e voltou a
ajoelhar-se e então a família teve de dar dois
bezerros, e assim, a promessa ficou paga.
Estória
173
Tinha um senhor antigo que tinha um bezerro
destinado para o Espirito Santo e depois resolveu
matar outro e foi na ocasião que quando o bezerro ia
de viagem para ir para o matadouro caiu no chão e
morreu e depois ele ficou muito aflito porque a
promessa não ficava paga, porque para o Espirito
Santo tinha sido destinado era aquele bezerro e
depois então matou outro para dar em esmolas, mas
ficou sempre com aquele remorso porque uma coisa que
é prometida para o Senhor Espirito Santo é aquela
mesma.
Estória
179
Eu
tenho uma casa aqui nas Doze que era da minha sogra,
mas o meu marido é que a herdou dos pais.../... mas
quando um ano botamos pelouro, lá é que fomos
enfeitar o bezerro.../... mas esse bezerro foi dado
a engordar nas Lages porque eles é que o quiseram
engordar; mas no dia que eles o vieram buscar para
levar para as Lages, o meu marido já estava no
hospital, mas depois eles chegaram e perguntaram
pelo João, o meu marido, e eu disse que ele tinha
ido para o hospital ontem, bem mal e depois eles
disseram: não é nada, o gueicho
vai para baixo e depois a gente mete-o no pátio do
hospital e depois a gente há de levar para cima, ele
fica aqui uns dias que a gente tem reses aqui. E
assim foi, quando eu estava lá no hospital, quando
me foram chamar que tinha ali um senhor a perguntar
por mim e tinha um gueicho,
isto passou-se no hospital velho ainda, e quando o
Sr. Albano que estava na
farmácia me viu, disse: ó tia, anda aqui para a
janela, lá fui, o gueicho
estava a farejar no portão para dentro, se o João
estivesse levantado, via-o só a farejar, a farejar e
a berrar, como quem diz, estás a ver o dono, e eu
comecei a chorar, e o Sr.
Albano disse: parece mesmo que foi um
milagre, porque todos os anos tem vindo aqui reses e
nenhuma fez aquilo que esta fez, porque tinha um
portão alto e todo gradeado e se o meu homem
estivesse na janela do seu quarto tinha visto, a
gente tem passado muitas aqui nesta casa, mas é
Nosso Senhor que quis que foi sempre o Senhor
Espirito Santo que nos tem deitado a mão.
Estória
180
Tina uma pessoa que tinha uma promessa e prometeu de
dar um bezerro em esmolas, foi botar o bezerro nos
ilhéus, quando foram para o ir buscar, o mar ficou
muito bravo, mas no dia que era para matar o bezerro
para dar em esmolas em louvor do Senhor Espirito
Santo, o mar amansou e puderam ir buscá-lo e a sua
promessa ficou paga.
Estória
182
Uma pessoa americana veio cá pagar uma promessa e
levaram o bezerro a casa diante do altar e o bezerro
ajoelhou-se por si, ninguém lhe dobrou as patas; ele
ajoelhou-se por si.
Estória
183
Era uma família que tinha o Divino Espirito Santo e
tinha um bezerro para coroar (para dar em esmolas) e
depois morreu o marido e ficaram muito desgostosos,
já se sabe, por causa disso, e ofereceram o domingo
a outras pessoas para não terem o Divino Espirito
Santo, para não coroarem por causa do desgosto que
tinham. Pois olha! no domingo em que era para vir o
Espirito Santo para cá, o bezerro morreu e depois
eles ficaram também arrepiados e sempre trouxeram o
Espirito Santo e compraram outro bezerro para darem
em esmolas.
Estória
184
Um
senhor foi para o Canadá e também tinha um domingo e
um bezerro para dar em esmolas em louvor do Divino
Espirito Santo. Foi-se embora não cumpriu a promessa
e o bezerro morreu esticado na corda num lugar
direito, porque às vezes os bezerros morrem
esticados na corda se é a descer que o bezerro cai e
depois não consegue levantar-se, mas num lugar
direito daquela maneira nunca se viu, bem isto
realmente é o que nos parece coisas (nunca) vistas.
Estória
185
Era o caso de o vizinho que tinha um bezerro
prometido para o Divino Espirito Santo e o bezerro
deu-lhe uma doença qualquer que morreu e esse senhor
comprou os bilhetes para uma rifa, na qual rifava um
bezerro, até no Porto Judeu, e esse bezerro saiu-lhe
e foi mesmo para o Senhor Espirito Santo para o
lugar do que havia morrido.
Estória
186
Prometi uma promessa ao Senhor Espirito Santo se ele
me concedesse uma graça e Ele concedeu-me e depois o
meu marido comprou dois
bezerrinhos para pagar a nossa promessa.
Estória
187
A
minha mãe dizia que foi muita gente descalça para o
mato porque havia lá fogo e levaram o Senhor
Espirito Santo e o Senhor pregado na Cruz e quando
chegaram lá, aquele fogo foi passando.
Estória
189
Quanto a histórias do Senhor Espirito Santo, ouvia
contar um indivíduo que tinha umas
gueichas perdidas que
andavam no baldio. Já tinha ido várias vezes à
procura delas e elas não apareciam, e ele foi um dia
mais uns amigos que se tinham oferecido para ir com
ele, e andaram tanto até que as encontraram, mas
antes de as encontrarem ele prometeu se elas
aparecessem, a melhor que tivessem, a mais gorda,
era para dar em louvor do Senhor Espirito Santo.
Elas apareceram e ele vinha de regresso com elas e
vinha a pensar naquilo; e é logo a mais bonita e ela
é uma gueicha bonita e
ia-me deixar um bocado de dinheiro e começou a
pensar naquilo e acabou por dizer: sabem o que é que
estou a pensar, afinal eu não vou dar a bezerra, eu
vou é vender a bezerra que ela vai deixar-me um
bocado de dinheiro e eu tenho muita falta dele. E
palavras não foram ditas, ele ia chegando com as
bezerras a uma grota, para atravessar a grota e essa
mesma cai na grota e morreu. Bem, será isto verdade;
cá na minha opinião, na minha fé, cá na minha
maneira de ver a coisa não acredito muito nisto,
porque cá está, muita gente diz que o Espirito Santo
é vingativo.../... até dizem esta história, com Deus
vá lá , mas com o Senhor Espirito Santo não se
brinca porque ele é vingativo, para mim o Senhor
Espirito Santo é o mesmo Deus e eu não acredito que
haja vingança e isto aqui só vejo uma atitude de
vingança.
Estória
190
Mais ou menos há una dez anos, uma vaca que a gente
tinha nunca dava bezerro de tempo, abortava sempre,
isto levou quatro anos. Ao fim de quatro anos eu
prometi se ela desse bezerro de tempo, que era para
dar em esmolas em louvor do Espirito Santo; pois
esse ano ela deu bezerro de tempo e nunca mais deu
fora de tempo enquanto eu a tive. O Divino Espirito
Santo faz milagres e eu tenho muita fé no Senhor
Espirito Santo.
Estória
191
Uma família tinha uma promessa de matar um bezerro e
dá-lo em esmolas... esse bezerro estava a pastar nos
Ilhéus das Cabras e por essa época o mar embraveceu
e essa família não o poude
ir buscar. Arranjaram outro bezerro, mas na hora em
estavam para o matar, o bezerro que estava nos
Ilhéus veio cá ter.
Estória
192
Havia um bezerro prometido para o Senhor Espirito
Santo, mas o dono embarcou-o e na hora que tinha
sido destinada para o matar, ele veio ter ao sítio
onde estava para ser morto.
Estória
193
Na
Vila Nova um fulano tinha prometido um
gueicho ao Espirito
Santo e de qualquer maneira, apareceu um indivíduo
que quis fazer negócio; o tal bezerro por outro...
Na sexta feira estava para se matar o tal
gueicho que tinha sido
trocado, até já estava preso, e o outro foi lá ter,
portanto era aquele que estava destinado para matar
em louvor do Espirito Santo, não era o outro, e foi
aquele que mataram... o Espirito Santo é que
concedeu o milagre.
Estória
l94
...Se o Espirito Santo conceder a graça daquele boi
escapar é para a gente coroar e dar aquele bezerro
no final do ano; pois no outro dia o boi estava bom,
estava melhor, portanto o Espirito Santo concede
graças com certeza.
Estória
195
Há
muitos anos quando houve muitos abalos e a terra
tremeu por alguns dias ,rebentou fogo no Pico do
Gaspar, mais precisamente no Mistério dos Queimados.
Nessa altura e nesse lugar estavam bezerros e vacas
a pastar, entre eles tinha um bezerro destinado ao
Divino Espirito Santo. O fogo destruiu todo aquele
sítio e os animais, deixando intacto o cerrado e o
bezerro que estava destinado ao Espirito Santo.
Ainda hoje faz admiração porque todos os terrenos
ali à volta são de pedra queimada e o tal pasto está
sempre verde e tem pasto abundante.
Estória
201
Àcerca
do Espirito Santo havia uma família que emigrou para
os Estados Unidos e vendeu os seus animais todos, e
fizeram um voto: se durante a sua estadia na
América, o Espirito Santo os ajudasse e tivessem
saúde, que depois quando voltassem para cá iam dar
um animal em esmolas em louvor do Espirito Santo e
essa graça foi concedida. Felizmente eles tiveram
sorte e saúde e regressaram à sua casa para pagarem
a sua promessa.
Estória
202
Emigrámos para o Canadá e quando emigrámos fizemos
uma promessa, se corresse tudo bem lá, a gente vir
cá às Doze Ribeiras coroar. Depois, dali a catorze
anos, nós viemos cá, coroámos, pagámos a nossa
promessa e demos dois bezerros em esmolas e o
Espirito Santo ajudou-nos muito (isto foi a primeira
vez) Depois, há três anos tornámos a tirar pelouro,
coroámos e demos mais esmolas.../...
Estória
203
Havia uma pessoa que teve o Divino,
espirito Santo, prometeu um bezerro em esmolas para
dar uma função e com a sua fé de maneira que depois
o bezerro desapareceu e foram buscar outro bezerro
para matar. O bezerro que tinha desaparecido
apareceu à porta, foram então buscar o ceptro e
vieram com ele ao pé do boi ; este entrou para
dentro sempre com a frente e ficou dia ante do
Senhor Espirito Santo; quando vinha para trás,
inclinou-se e não se voltou para não virar a
traseira ao Espirito Santo.
Estória
204
O
meu pai era do Cabo da Praia e a minha irmã quando
nasceu, á medida que ia crescendo começou-se a notar
que tinha tendência para não ser normal e o meu pai
apegou-se com o Espirito Santo de que era muito
devoto, se ele melhorasse que iria fazer sacrifício
(porque éramos muito pobres) de tirar pelouro e
fazer uma função conforme pudesse, mas ele tinha
muitos amigos na Praia que o ajudaram. Quando ela
completou 4 anos já se parecia que tinha modos de
uma criança normal, foi para a escola... para a
catequese, fez a comunhão e desenvolveu-se.../...
mais tarde, quando o meu pai
poude, foi ao Cabo das Praia , falou com os
seus amigos, eles deram dois bezerros e
engordaram-nos e, depois o meu pai arranjou as
pessoas para os matar; também lhe deram trigo, e
depois ele fez uma função em louvor do Espirito
Santo ( meu pai e minha sogra era muito devotos do
Espirito Santo). Não digo que fosse milagre mas
quero crer que há milagres.
Estória
212
.../... Era uma casa em que se entrava do caminho
para dentro, o corredor dava com a estrada e o
bezerro entrou e ajoelhou-se ao pé da coroa, que ela
estava lá dentro no altar, e o bezerro era bravo
bastante.../... mas isto aconteceu já há bastantes
anos.
Estória
213
O
tio Rabelo que muita gente antiga conhece, foi
comprar um bezerrinho e
o meu pai é que o criou, num cerrado que não tinha
erva, que era muito fraquinho,
e, nesse ano deu erva muito alta, mas nunca deu
senão esse ano e o bezerrinho
ficou gordinho que só queria que vocês vissem.
Estória
222
Manuel prometeu, quando esteve no hospital .../ ...
e quando eu fui vê-lo ele disse-me: prometi uma
promessa ao Senhor Espirito Santo se eu ficasse
melhor de dar um bezerro e depois eu disse-lhe, a
gente há-de dar.../... a
gente deu o bezerro, mas ele era para morrer, a
gente não conseguiu nada.
Estória
223
Portanto havia um bezerro lá naquele lugar que a
gente chama criação; o homem foi lá para tratar dele
e o bezerro não estava, portanto andaram à procura
do bezerro muito tempo, muito tempo, muito tempo e o
bezerro nunca apareceu e compraram outro para o
lugar desse tal bezerro, e quando foi no dia de
matar, portanto estavam a matar o bezerro e o outro
bezerro veio cá ter ao lugar onde estavam a matar o
outro. Ele apareceu ali ao pé e acabaram por matar
os dois.
Estória
225
Em
1945 os meus pais tiraram pelouro, saiu-lhes o
Espirito Santo todo o ano, era uma promessa que
tinham, se o meu pai ficasse melhor, porque ele
tinha uma bronquite asmática; ele não ficou melhor
mas ficou um pouco mais melhor e então na sexta
feira do Espirito Santo fomos enfeitar os bezerros;
fomos buscá-los aos pastos e então quando chegámos
com eles a casa foram buscar o ceptro para benzer os
animais com o ceptro e um deles ajoelhou-se.
Estória
241
Estou-me a lembrar de há anos, fui fazer uma função
e chegou-se á hora de matar a vaca não tinha ninguém
para me ajudar porque a vaca era muito má, não havia
ninguém com coragem para a segurar. Então eu disse:
O Senhor Espirito Santo ajuda-me, eu vou fazer este
trabalho sózinho. E
assim foi, matei a vaca sózinho
com a ajuda do Senhor Espirito Santo. Eu sou muito
devoto do Espirito Santo.
Estória
243
Antigamente botavam no Ilhéu grande, bezerros a
criar. Aí puseram um bezerro a criar para o Senhor
Espirito Santo. O mar embraveceu e chegou ao tempo
de ir buscar o bezerro e não puderam ir com um bote
buscá-lo. Compraram um outro para matar no lugar. No
dia do bezerro, antes da hora do cortejo, ouviram
berrar. Foram ver e era o bezerro que voltara do
Ilhéu a nado para ser abatido. O Senhor Espirito
Santo é que trouxe o bezerro e ele foi abatido para
o Espirito Santo.
Estória
244
O
Senhor José tinha um bezerro que era para matar ao
Senhor Espirito Santo. No entanto foi-lhe destinado
um outro bezerro para ele criar, mas ele não quis.
Teimou sempre que não havia de criar e aconteceu que
o bezerrinho que era
dele adoeceu com muita diarreia e morreu.
Estória
245
Um
homem que tinha um bezerro para criar, ficou com ele
para si para aparelhar com um dos seus. Para
substituir esse animal comprou um outro. Aconteceu
que o bezerro substituto nunca se desenvolveu como
deveria; na altura de ser morto este não estava bem
criado e o antigo bezerro voltou para o pé do dono e
ele com remorsos abateu os dois.
Estória
246
Um
homenzinho da Casa da Ribeira possuía um bezerro que
lhe fugiu, ou tinha sumido. Quando iam para matar o
animal que ficara no lugar do antigo bezerro, o
primeiro voltou e foram ambos abatidos.
Estória
249
O
meu pai tirou pelouro e foi pedir a um senhor para
lhe criar um bezerro mas este não podia. Então o meu
pai foi pedir a outro para o fazer. No dia em que o
meu pai matou o bezerro a melhor vaca do homem
morreu também.
Estória
253
Um
homem comprou um bezerro mas este fugiu e foi ter
aos Biscoitos. Instalou-se lá num cerrado mas o dono
do pasto não gostou e todos os dias o tentava
expulsar de lá (pegava nele e punha-o na rua) .
Levou um ano sempre nisso. No dia em que iam matar
outro bezerro para o lugar, o primeiro saltou fora
do cerrado e o homem veio traze-lo até ao Porto
Judeu. Quando chegou ao pé do outro bezerro, caiu de
joelhos.
Estória
254
O
meu bisavô tinha um bezerro muito grande para o
Senhor Espirito Santo. O irmão do meu avo era uma
pessoa muito agarrada (não queria gastar muito de
coisa nenhuma ) e assim nunca quis um bezerro muito
grande e vistoso porque era pobre. Um dia foi à
praça comprar um bezerro mais pequeno e assim o fez.
Colocou-o juntamente com o bezerro maior. Do dia
seguinte de manhã quando foi vê-los ao cerrado, o
pequeno estava morto, de pernas para o ar e o grande
muito saudável.
Estoria
259
Houve uma erupção vulcânica que atravessou a Ilha
Terceira de lado a lado. Havia num cerrado um
bezerro que era para o Senhor Espirito Santo e o
fogo cercou o cerrado deixando tanto o animal como o
cerrado, intactos
Estoria
263
Há
já muito tempo estavam a pastar num cerrado alguns
bezerros e vacas. Começou a cair um temporal de
trovões e relâmpagos. Nesse pasto estava um bezerro
que era para matar para o Senhor Espirito Santo. Os
raios mataram todos os animais, ficando só aquele
que era para matar em honra do Espirito Santo.
Estória
265
Antigamente um bezerro que era para matar na festa
do Espirito Santo, fugiu e ninguém dos donos lhe pôs
a vista em cima. O bezerro foi ter ao pasto de um
homem que só tinha umas vaquinhas. Todos os dias o
homem ouvia o bezerro berrar e mandava-o embora
enxotando-o e o bezerro acabava sempre por voltar.
Por fim o tal homem deixou-o ficar. Chegou o dia do
Espirito Santo na casa do seu dono e o outro bezerro
que tinha sido comprado para fazer o lugar do
primeiro já tinha caído morto quando o bezerro
chegou e por milagre (segundo dizem) caiu de joelhos
morto.
Estoria
267
Havia também aqui há anos um homenzinho que nunca
quis criar, juntamente com as sua vacas, um bezerro
do Espirito Santo. Veio como que uma doença que lhe
matou as vacas todas e só sobrou o bezerro, vivo e
muito saudável´.
Estoria
268
Posso-lhe contar o que aconteceu aqui há muito tempo
com o meu amigo Francisco. Ele tinha um bezerro a
criar para oferecer na festa das mordomias e esse
bicho era mauzinho
deveras que ninguém lhe podia chegar ao pé nem mesmo
o criador porque ele começava logo às marradas.
Acontece que o Francisco cismou que havia de levar o
bezerro na hora do cortejo. Sempre que ele se
aproximava o bezerro começava a embravecer e
estávamos a ver a coisa feia. Foi então que o meu
amigo foi a casa buscar o ceptro e a coroa do
Espirito Santo e benzeu-o na testa e o bezerro ficou
mansinho que qualquer um o
poude levar.
Estoria
269
Quando eu era pequeno a minha tia
Zulmira contava que
havia um bezerro que era muito mau. Então os donos
resolveram matá-lo para dar esmolas só que no dia
que foi destinado para ser morto, fugiu. Toa a gente
procurou o dito bicho até perderem a esperança de o
acharem. Ouviram-se boatos de que o bezerro mau
tinha sido roubado. Foram até ao lugar onde o mesmo
tinha sido visto e depararam com os ladrões a
chamarem pelos santos e pelo Espirito Santo porque o
bezerro que tinham roubado tinha morto as marradas
uma criança.
Estória
282
O
meu bezerro era tão mau que ninguém podia chegar ao
pé dele nem mesmo o seu criador. Então no dia do
cortejo eu enchi-me de coragem e rezei ao Espírito
Santo para que me ajudasse a enfrentar o meu
bezerro. Depois eu peguei no ceptro e na coroa do
Espírito Santo e pus-lhe na testa e comecei a
benzer-lhe e o bezerro ficou tão quieto enquanto eu
o benzia; depois disso ele tornou-se tão mansinho
que todos podiam chegar ao pé dele.
Estória
283
Há
muito tempo, talvez há uns duzentos anos, houve um
casal aqui no Porto Judeu que estava a pagar a sua
promessa ao Espírito Santo, mas antigamente não
havia lugares onde se criassem os bezerros para o
Espírito Santo e então criavam-se no Ilhéu das
Cabras. Quando chegou a altura de se matar o bezerro
o dia estava tempestuoso, o mar estava muito mau e
os homens não podiam ir buscar o bezerro ao Ilhéu.
Portanto o imperador comprou outro bezerro para
matar naquele dia. Depois de feito o cortejo e o
jantar, levaram o bezerro para o porto do Porto
Judeu, pai era aí que matavam (e ainda hoje matam)
os bezerros. mas na altura em que o homem ia matar o
outro bezerro o mar começou a ficar manso e as
pessoas que assistiam à morte do bezerro começaram a
gritar, todos diziam que era um milagre do Espírito
Santo porque todos estavam vendo o bezerro que tinha
estado no ilhéu, vinha chegando a terra a nado e
subiu para o porto antes do outro bezerro ser morto.
Esse é que era o bezerro prometido ao Espírito'
Santo. Este foi um milagre muito falado aqui na
freguesia e até saiu em jornais da época e hoje em
dia ainda se houve falar nesse milagre.
Estória
285
Há
pouco tempo atrás, um amigo nosso teve o Espirito
Santo em sua casa. Disse a muita gente que para o
jantar da coroação não iria matar nenhum bezerro
porque só tinha três vaquinhas. Dizia apenas que
iria comprar uns quilos de carne para o jantar.
Aconteceu que no dia da coroação morreu-lhe a sua
melhor vaquinha.
Estória
287
Quando eu era nova, a minha família fez uma promessa
ao Espírito Santo. Então o meu pai comprou um
bezerro e eu juntamente com o meu irmão começámos a
capear o bezerro, fazíamos de conta que era um
toiro. Pois o bezerro ficou tão mau que ninguém
podia chegar ao pé dele. Eu I o meu irmão nos
arrependemos muito e ficámos preocupados pela forma
que ele iria se portar no dia da
bezerrada. No dia da
bezerrada o bezerro
continuava mau e estava amarrado com duas cordas.
Depois o meu pai levou o bezerro para a nossa sala
onde tínhamos o altar do Espirito Santo e todos
ficaram com medo do que iria fazer, mas para nosso
espanto o bezerro ajoelhou-se quando o meu pai lhe
benzeu com o ceptro da coroa em frente ao altar do
Espirito Santo.
Estória
290
Quando eu era pequena, talvez há uns vinte e dois
anos, um vizinho meu teve uma coroação. No dia da
bezerrada, o bezerro que
era muito mau, fugiu. Foram muitos homens atrás dele
e correram, correram muito até que conseguiram
segurar o bezerro e levá-lo para casa. Quando
chegaram a casa com ele, mostraram-lhe a coroa do
Espirito Santo e o bezerro parou junto à coroa e
ajoelhou-se perante ela.
Estória
291
Há
quarenta anos eu tive o Espirito Santo em minha
casa. Durante toda a semana o tempo esteve muito
mau. Só na sexta feira é que o tempo melhorou um
pouco mas o mar ainda estava bravo. Na sexta feira,
dia do bezerro, não tínhamos peixe para fazer as
alcatras para os meus convidados. Então um vizinho
meu que era muito nosso amigo, decidiu ir ao mar
pescar o peixe para as minhas alcatras e todas as
pessoas ficaram preocupadas porque o mar ainda
estava um pouco bravo e Ele tinha ido pescar
sózinho. Nós, as
mulheres, fomos para o porto e levámos a coroa do
Espirito Santo e a metemos em cima de uma pedra do
mar e começámos a rezar terços ao Espírito Santo
para que o meu vizinho, o senhor
Josino Castro, chegasse
a terra são e salvo. Graças ao Espírito Santo o meu
vizinho chegou a terra vivo e sempre pudemos fazer o
jantar.
Estória
295
Há
muito tempo, o meu primo José Ferreira estava
pagando a sua promessa ao Espirito Santo, mas,
aconteceu que no dia da
bezerrada, quando ele ia buscar o bezerro ao
pasto, ele já não estava lá. Ela pediu ajuda a
muitos homens para irem procurar o bezerro que
estava desaparecido e lá foram pelos pastos fora
procurando mas começou a ficar tarde e o bezerro não
aparecia. Então o meu primo decidiu comprar outro
bezerro para matar no lugar do outro que estava
prometido ao Espírito Santo. Quando os meus primos e
a família estavam-se vestindo, ouviram uns barulhos
ao pé da casa e quando foram ver o que se passava,
viram o seu bezerro ao pé da janela da sala onde
estava o altar do Espirito Santo. O bezerro estava
berrando muito porque ele era o bezerro prometido ao
Espirito Santo.
Estória
300
O
meu filho Paulo José estava doente e eu
virei-me para o Senhor
Espirito Santo e prometi- lhe que o primeiro bezerro
que o meu marido trouxesse para casa era para matar
para o Senhor Espirito Santo. Chega o José - meu
marido - a casa e eu disse-lhe: Passou-se isto assim
e assim e é para, se acontecer alguma coisa... Olha,
o meu marido ficou chateado e disse: Tu és tola
mulher, agora foste fazer uma coisa dessas (.../...)
mas eu disse assim: Promessa é promessa, se eu
prometi assim, assim é que
há-de ser. Então ele disse que quando
chegasse lá havia de se ver. A bezerra foi ali para
fora para o cerrado, para o Poço e meteu-se a comer
a erva azeda; comeu a erva azeda toda; ela trazia
dois bezerro e a gente não sabia. Ora ela estava de
bezerro e acabou por morrer. Eu então preocupava-me
era com a minha bezerra que tinha prometido e tinha
de pagar. Eles quando foram abri-la para ver - por
acaso quiseram ver - o que era. ela trazia logo dois
bezerros consigo. O meu homem disse assim: Mas que
raiva que eu tenho. O Senhor Espirito Santo
mostrou-mo e levou-mo. A gente tomou aquilo como um
castigo (...1...) como estava previsto matar
um, ficava o outro no lugar. Olha o meu marido
chateou-se morreu-lhe a vaca e morreu tudo, e isto
não foi há muito tempo, foi em 1974
Estória
306
Um
bezerro que tinha sido oferecido à igreja e o
dinheiro seria para o Senhor Espirito Santo, foi
vendido por um dos homens mas que nunca entregou o
dinheiro; o dinheiro nunca apareceu. Entretanto,
quando foi à frente, acabou o Espirito Santo e um
bezerro dele morreu. Era mais ou menos do tamanho
daquele que ele tinha vendido e o dinheiro nunca
tinha aparecido.
Estória
307
Era um homem que tinha feito uma promessa de dar um
bezerro para o Senhor Espirito Santo. O bezerro
estava muito gordo por isso ele pensou: Aquele
bezerro está grande demais para dar só jantar à
família. A gente vai mas é matar aquele bezerro e
engordar outro no lugar daquele. Lá foi buscar o
bezerro e matou-o. Toca o bezerro do Senhor Espirito
Santo para casa e nada de se fazer, nada de se
fazer. O bezerro não se tinha desenvolvido mas
tinham que matá-lo para pagar a promessa. A mulher
já tinha tudo amanhadinho
porque iam matar naquela semana. Ele foi tratar de
umas cabrinhas e parte
um pé, mesmo em vésperas do Senhor Espirito Santo,
em vésperas de matar o bezerro. A seguir a isso a
mulher vai amanhar tudo que era para ir vê-lo. Já
com o altar feito, ele vai ao quintal amanhar não
sei o quê e, quando chegou cá dentro, estava o fogo
a pegar em tudo, no quarto onde estava o Espirito
Santo. Pegou fogo em tudo, só não pegou na coroa do
Espirito Santo. Não gozaram nada nem chegaram a dar
nada porque ele estava no hospital com o pé partido.
Ele partiu o pé, não teve gosto de matar o
bezerrinho - porque o
tal bezerro que era par o Senhor Espirito Santo, ele
matou antes. Só depois de ele sair do hospital é que
matou o bezerro e deu um almoço a toda a família e
algumas esmolas a outras pessoas.
Estória
308
Era um homem que foi nomeado para servir em Santo
Amaro pela festa do Espirito Santo, só que ele não
aceitou porque a mulher não quis ( porque dava muito
trabalho e não sei quê, e não quis pegar) Em
Setembro, à frente, no dia das festas da Fonte,
alguns homens andaram a pedir para fazerem, por
força, as festas da Fonte e darem touros também, e
ele foi aos touros e foi pegada pelo touro. O touro
não pegou em nenhuma das pessoas que estavam na
fileira onde ela estava, andou sempre
direitinho e só quando
chegou ao pé dela é que lhe pegou e ele nunca mais
teve uma hora de alívio.
Estória
309
Em
relação ao mesmo casal, nesse mesmo ano um tio desse
homem pediu-lhe para ele ajudá-lo a criar, engordar,
um bezerro mas ele disse ao tio que não podia, e não
sei quê. Olha, dois meses depois disso, dois dos
melhores bezerros dele desapareceram. Ele
procurou-os muito tempo em todos os lados mas até
hoje, nada!!
Estória
310
Na
Urzelina, não há certeza
de nada, isto é uma lenda, não há certezas, rebentou
um vulcão e veio lava do centro da ilha até ao mar e
deixou um (que se chamava vela latina) bocado de
terra. A lava apartou-se e, em baixo, tornou a unir
e havia lá uma casinha, um lugar onde havia uma rês
do Senhor Espirito Santo, e aquela lava abriu-se e
só aquele bocado de terra é que não ficou queimado.
Aquilo foi mesmo um mistério.
Estória
311
Também ouvi contar que, no Topo, no ilhéu do Topo,
tinha uma junta de bois que estava prometida para o
Divino Espirito Santo. Quando foi no dia da matança
o mar embraveceu muito e não podiam ir buscar os
bois. O que tinha feito a promessa foi comprar os
melhores bois que encontrou para matar no lugar
daqueles que não podia ir buscar. Mas os bois
deitaram-se ao mar com o mar mesmo bravo e vieram
para terra e o homem matou-os também, juntamente com
os outros e deu esmolas.
Estória
312
Era uma ferida que tinha aqui em cima dos pés que,
com o calor do fígado, lanhava-me e corria sangue.
Doía-me imenso! Mas disseram ao meu pai que iam
matar vacas no Areeiro, que era um senhor que ia
matara vacas em louvor do Espirito Santo e
disseram-lhe que ele fosse lá comigo e que
esfregasse fígado da vaca do Senhor Espirito Santo
nos meus pés que eu melhorava. Olha! eu fui mais o
meu pai e esfreguei e calcei umas meias para não se
ver o sangue no pé - porque aquilo fica tudo cheio
de sangue. Graças a Deus eu nunca mais tive nada.
Estória
315
A
gente tinha lavoura, tínhamos reses, vacas, e o meu
marido gostava de, todos os anos engordar um bezerro
para o Senhor Espírito Santo. Tinha fé, gostava. Mas
aquele bezerro aumentava diferente dos outros e ele
gostava muito de fazer isso. Tinha fé naquilo que
fazia e dizia até que abençoava as outras reses.
Isto, naquele tempo porque agora já não há nada
disso.
Estória
316
Olha! foi no dia do meu bezerro. A minha
gueichinha estava muito
brava, muito brava mesmo, e a gente estava ali todos
e foram para apanhar a
bezerrinha. A bezerra atirava pulos que era
uma coisa muito séria, que ninguém podia! Tentasse
lhe pegar quem fosse sequer .../... Ela estava muito
brava e saltou paredes e fugiu ali para baixo para o
caminho do fundo, muito ruim que ela estava. Assim
que entrou ali à minha entrada para dentro e foram
buscar o ceptro do Senhor Espirito Santo e botaram
diante dela, ela ficou mansinha, mansinha e
ajoelhou-se. Toda a gente se arrepiou com o que ela
fez. Ela ajoelhou-se ali.
Estória
317
Era um bezerro para o Senhor Espirito Santo que
desapareceu e o dono foi à procura e não achou.
Depois um homem encontrou - junto com as suas vacas
e ele sabia que não era seu e botava-o para a rua do
seu cerrado e ele entrava outra vez para dentro.
Passado muito tempo chegou a semana do Espirito
Santo e ele botava o bezerro para dentro e ele saía
para fora. Então ele disse: este bezerro quer sair
deixa-me ver para onde é que ele ir. e seguiu o
bezerro. O bezerro foi parar à casa do Espirito
Santo e o dono perguntou ao homem onde é que o
bezerro tinha estado aquele tempo todo e ele
explicou o que se tinha passado. Então o dono
matou-o como tinha prometido e deu as esmolas.
Estória
318
Havia aquelas pessoas que estavam destinadas a dar
uma coroação e que a rês que estava destinada para
isso estava no Ilhéu. Havia de ser mais ou menos uma
hora de distância de barco para cada lado mas eles
costumavam ir buscar era nas vésperas de a matarem.
'Só que nas vésperas o mar alterou-se muito e o
barquinho não podia ir
lá, e eles então destinaram a matar outra no lugar
dessa. Só que na hora, estavam lá destinados no
lugar que era, estavam com a rês à sua frente para
matarem e sentiram berrar e olharam para trás de si
e a que estava no ilhéu vinha a chegar ao pé deles.
Chegou e ajoelhou-se para ser morta no lugar da
outra.
Estória
321
O meu irmão - isto então eu não
quero contratos com animal que esteja destinado a
matar para o Senhor Espirito Santo - o nosso
Chico era para casar, (
mas o meu pai ficou doente por causa de uma trombose
). O meu marido trabalhava para o
Pamplona e o meu pai
também e eles então pediram-lhe para ele engordar
uma gueicha para ajuda
da boda (porque era com sopa e ele disse logo que
sim, mas queria então era uma
gueicha para meter com as vacas de leite e
ter carne como é dado porque se fosse um
gueicho não prestava
para estar com as vacas de leite. Agente comprou a
gueichinha; a
gueicha era um luxo, uma
lindeza. O meu homem andava sempre em cima dela para
ela não apanhar boi, para não ficar cheia. Olha! o
meu homem diz que não sabe como foi, ou foi
gueicho que se guindou
para lá ou foi ...eu sei lá como foi, ela ficou de
bezerro. O meu pai fica doente e o meu irmão não
casa. A gueicha vai
ficando cada vez mais adiantada... era uma vaca!
Vai-se para matá-Ia e,
na altura de matar, o Chico
Galante que estava aí diz: isto é muita carne! ora o
João Vieira também tinha uma
gueicha e disse: Quantas arrobas isto tem? e
a gente disse: Tem 14 arrobas, mas, homem a gente
antes quer que fique do que falte. Diz ele assim: Só
que vocês, de certeza querem dar por alma de teu
pai... e eu disse-lhe logo assim Ah homem a gente
não quer dar nada por alma de meu pai; quando a
gente destinar a dar por alma de meu pai, a gente
dá. A gente agora quer é despachar-se para o
casamento. E ele sempre: Por que isto é um pecado,
que ela está cheia para dar bezerro. Porque se
se arranjasse um bezerro
mais pequeno fazia o mesmo efeito e pagava-se a
carne ao João Vieira... Eu sei que andaram, andaram
e não mataram a gueicha.
Ao fim de dois meses a gueicha
deu bezerro. Eu é que paguei a carne à minha mãe. A
carne que o João Vieira tinha era muita e teve que
se pagar- eu é que dei o dinheiro e foram 15 contos-
para eu ficar com a gueicha
prometida porque eu tenho bezerros e precisava de
mais uma. Pois olha!! a gueicha
teve o bezerro mas ele nunca prestou para nada.
sempre muito magro e pouco desenvolvido e, passadas
três semanas a bezerra e a
gueicha e o gueichinho
tiveram uma diarreia que não aguentaram 24 horas.
Enterrei a vaca, enterrei o bezerro e ainda tive que
pagar o Senhor Espirito Santo. Bezerro que estiver
destinado à morte, está destinado à morte, seja para
coroação, seja para casamento, seja para o que for.
é para morrer é para morrer!!.
Estoria
322
Eram umas pessoas que tinham promessas para matar,
por exemplo, três vacas para dar esmolas. as aqueles
gueichos vieram sempre
muito... muito grandes, adiantaram-se sempre muito e
ficaram muito bonitos. Então o homem ficou com muita
pena porque aquele gueicho,
se fosse vendido valia muito dinheiro. Pensou bem e
resolveu matar outro no lugar daquele e vender
aquele que estava muito gordo; assim fez. Na ocasião
de matar a gueicha que
estava a substituir a que tinha sido prometida, a
gueicha não queria
morrer e eles mataram uma vez, mataram duas vezes,
mataram três vezes e ela não morria. Então nessa
altura aparece lá a tal bezerra que o homem tinha
vendido. Desta forma viu-se bem que o Senhor
Espirito Santo queria que lhe fosse oferecido era o
que tinha sido prometido e não outro qualquer.
Estoria
322
Eram umas pessoas que tinham promessas para matar,
por exemplo, três vacas para dar esmolas. as aqueles
gueichos vieram sempre
muito... muito grandes, adiantaram-se sempre muito e
ficaram muito bonitos. Então o homem ficou com muita
pena porque aquele gueicho,
se fosse vendido valia muito dinheiro. Pensou bem e
resolveu matar outro no lugar daquele e vender
aquele que estava muito gordo; assim fez. Na ocasião
de matar a gueicha que
estava a sustituir a que
tinha sido prometida, a gueicha
não queria morrer e eles mataram uma vez, mataram
duas vezes, mataram três vezes e ela não morria.
Então nessa altura aparece lá a tal bezerra que o
homem tinha vendido. Desta forma viu-se bem que o
Senhor Espirito Santo queria que lhe fosse oferecido
era o que tinha sido prometido e não outro qualquer.
Estória
324
A
gente tem fé com Deus e para o homenagearmos, a
única coisa que podemos fazer é dar- lhe uma coroa.
Há muita gente com fé no Espirito Santo - porque
Deus divide-se em três pessoas: o Pai, o Filho e o
Espirito Santo - porque ele já deu muitas provas de
milagres, em variadíssimas
situações. Olha, uma historia que se passou comigo
aqui no Império de Santo Amaro: Era uma colega meu
que era para ser mordomo comigo, mas o pai dele
morreu e ele não quis ser. Então ficou outro no
lugar dele e, esse é que foi buscar ( a gente tinha
uma bezerra que era do Império) lá a cima a bezerra.
Essa bezerra era muito má, muito ruim e difícil de
aguentar; tina de ser três ou quatro pessoas a
aguentá-la, senão fugia. De maneira que o rapaz
amarrou-a lá por um pé e por uma mão, mas ela
deu-lhe sempre que fazer desde que ele saiu do mato
até aqui à aproximação do Império. A bezerra veio
sempre a marrar e a pinchar... Quando o rapaz se
aproximou aqui mais do Império, talvez a uns dois
quilómetros de distancia do Império, a bezerra
amansou; começou a guinchar muito que o rapaz até se
assustou com uma coisa daquelas. Quer dizer quando
ele viu o Império, aquele bicho tornou- se
diferente. Ficou manso e atravessou este caminho
aqui em frente ( que é um caminho com muito
trânsito) em Santo Amaro e não deu trabalho nenhum
ao rapaz. Portanto aquela bezerra ter amansado ao
ver o Império, para quem tem fé quer dizer sempre
alguma coisa.
Não acha?
Estória
325
O
meu pai contava que. quando se prometia uma rês para
o Senhor Espirito Santo, tinha que se cumprir. Ora,
houve uma pessoa que tinha um
gueicho muito gordo, era uma
gueicha prometida para o
Senhor Espirito Santo, e um outro homem que viu a
gueicha disse-lhe assim:
Eh! homem, tu vais matar
aquela gueicha para o
Sr. Espirito Santo ?não faças isso. Essa
gueicha é muito bonita,
eu dou-te outro animal no lugar desse e até com mais
peso do que esse. Ele então concordou. Fecharam o
negócio e pronto. No dia de (na quinta feira que
matavam os bezerros) matar eles tinham consigo a rês
da troca e a que tinha sido prometida estava lá em
cima num pasto... num terreno. Esta rês da troca ia
para matar com as outras bezerras. Quando eles na
altura da matança passaram pelo terreno onde estava
a outra gueicha (a que
tinha sido prometida) ela atira-se por lá baixo (era
um cerrado num lugar alto) e parte uma perna. Ela
partiu a perna e teve que ser morta de qualquer
maneira e os homens desfizeram o negócio.
Estória
327
Uma senhora tinha feiro uma promessa ( não sei bem
se foi roubado, se o bezerro é que saiu) chega-se ao
dia de matar o bezerro e o' bezerro não aparecia. O
dono, muito enervado e chateado porque a promessa
tinha sido para aquele bezerro e não para outro. Ele
já estava a pensar que não pagava a promessa. Olha!
eles nestas andanças e nestas conversas e o bezerro
veio ter à porta. Eles estavam todos preocupados por
causa que a promessa não ia ser cumprida, quando um
deles vem à rua e diz: Olha, o bezerro está aqui.
Foram todos para a rua ver e era mesmo o bezerro que
tinha desaparecido, o que tinha sido prometido. O
bezerro estava ali parado fora da porta, muito
mansinho.
Estória
328
Os
antigos diziam sempre que com o Senhor Espirito
Santo não se brinca e isso é verdade. Há muitos anos
atrás, as pessoas quando tinham promessas para pagar
e Ihes saía o pelouro,
essas pessoas iam ter com outras que tinham lavouras
e pediam-lhes para criarem um bezerro para
ofereceram ao Senhor Espirito Santo. Um dia um homem
foi ter com outro para lhe pedir se ele lhe podia
criar uma gueicha
juntamente com as suas, mas o homem disse-lhe logo:
Hé homem, eu não posso
criar bezerra nenhuma porque a erva é pouca e eu
tenho poucos cerrados e são só para estes ficarem. O
homem agradeceu-lhe à mesma e foi- se embora. Ele lá
ia pelo caminho fora, muito desconsolado, quando um
outro vizinho o viu e lhe disse: Tu tens que coroar
este ano, não é? É que, se tu quiseres eu posso
criar-te o bezerro. Olha, o homem ficou muito
contente e disse logo que sim No dia seguinte foi
comprar o bezerro e logo o foi entregar para
engorda, ao vizinho. O tempo foi passando e chegou o
dia da coroação. O bezerro estava bem gordo e bem
grande, pronto para enfeitar e matar. Assim se fez e
tudo correu muito bem. No entanto quando o outro
vizinho que se tinha negado a engordar o bezerro do
Senhor Espirito Santo, chegou a casa, encontrou a
sua melhor vaca morta. Conclusão: Ele não quis
dividir o pasto com um bezerro do Senhor Espirito
Santo para que os seus ficassem com comida de sobra,
mas foi castigado pela sua ganância. Com o Espirito
Santo não se deve ser egoísta nem dizer que não se
pode fazer as coisas, só para não termos trabalho.
Estória
329
Isto passou-se com um homem que tinha umas reses no
pasto no mato, num lugar muito longe de houve um
sujeito que foi lá para "limpar" metade ou todas
elas. No entanto com um descuido da sua parte
fugiram-lhe três das reses. No meio dessas que
fugiram havia uma que estava a ser criada para o
Senhor Espirito Santo da Alegria, da serra. Esta,
ele não levou e ainda levou consigo mais duas. As
outras que foram roubadas foram todas levadas,
mortas e encontradas no matadouro, enquanto que as
que tinham fugido vieram ter aqui ao prédio do dono
outra vez. O dono e todas as pessoas que viram as
bezerras chegarem ficaram completamente pasmados sem
saberem o que é que se tinha passado com elas e como
é que tinham encontrado o caminho para casa, porque
não estava ninguém com elas. Vejam lá o que é o
Senhor Espirito Santo.
Estória
330
Geralmente, antigamente, tal como hoje em dia, as
pessoas costumavam fazer promessas ao Senhor
Espírito Santo para que ele curasse alguma coisa,
(doença, acidente, etc.) e prometiam coroar, caso
esse pedido se realizasse; as pessoas tinham muita
fé no Divino Espirito Santo. Havia uma família que
era muito pobre e que tinha muitos filhos e que um
dia fizeram uma promessa de dar uma coroação mas não
precisaram de pedir a ninguém que lhes criasse o
bezerro porque tinham muitas terras suas. Há um
ditado que diz que o bezerro do Senhor Espirito
Santo, engorda e cresce muito mais que os outros
bezerros normais e assim foi. Este homem tinha um
irmão que sempre que ia ver o bezerro lhe dizia:
Isto até é uma vergonha porque tu tens tanta falta
de dinheiro e, agora, vais dar um bezerro grande
dessa forma só para pagar uma promessa e não sei quê
mais, e que o melhor que ele tinha a fazer era
vender aquele e comprar outro mais pequeno. Sempre
que ia lá a casa do irmão era a mesma conversa, até
ao dia em que o homem resolveu comprar outro bezerro
para o lugar daquele. No entanto, enquanto não houve
a coroação, ele resolveu não vender o bezerro e
colocá-la num cerrado ao lado do que acabava de
comprar. Chega ao dia do bezerro, ou seja, ao dia da
coroação e quando foram buscar o bezerro ao cerrado
para o matarem, encontraram-no morto. Aquele não
tinha sido prometido mas sim o outro e eles tiveram
mesmo que oferecer o que tinham prometido porque o
outro estava morto. O Senhor Espirito Santo não quer
que a gente faça promessas que não podemos pagar mas
quando as fazemos e não as cumprimos, porque não nos
convém ou porque há outras pessoas que não concordam
connosco - como este homem- o Divino Espirito Santo
vai-nos castigar porque as promessas mostram a fé
das pessoas, e distorcer as coisas para satisfazer o
nosso egoísmo ou a nossa ganância. O que é para o
Espirito Santo, não é para outras coisas.