ALTAR do DES
FESTAS DO SENHOR
ESPÍRITO SANTO – PROMESSAS AO DIVINO
Catálogo para a exposição de fotografia de Guedes da Silva
Mário CABRAL, Casa das Tramóias,
Semana Maior, A.D. 2006
Nada se compreenderá
das festas ao Divino Espírito-Santo, nas ilhas dos Açores, se não se
entrar nas casas particulares sete semanas antes de Pentecostes, ou
seja, rigorosamente, a partir do Domingo de Aleluia. Aquilo que se
vê nas ruas é uma florescência cultural enraizada em húmus religioso
que tem maior verdade e que permanece mais saudável do que o
folclore evanescente, com tendência a declinar em cartaz turístico
grosseiro.
Refiro-me aos altares, representados neste catálogo por duas
fotografias (Rezar o Terço; Empregada das Insígnias). Num canto da
sala maior os fazem os donos da casa bafejados pelos peloiros –
pelouro já significou, na língua portuguesa, rigorosamente
aquilo que quer ainda dizer nas ilhas: é um bilhetinho de bazar,
muito bem enrolado, atirado e misturado com tantos outros para
dentro do chapéu do mordomo das festas; em cada bilhetinho vai o
nome dum ansioso irmão do Império e conforme são retirados se fica a
saber quem terá a honra sem par de, no primeiro Domingo, no segundo,
no terceiro… no sétimo, receber a Coroa do Divino em sua casa. É
para a Coroa que os altares são construídos.
Ter o Divino Espírito-Santo em casa durante uma semana é ver o
próprio lar transformado em templo.
Todos os dias “se
oferece o Terço”,
isto é, se reza o Rosário, para o qual se convidaram os parentes, os
vizinhos, os amigos e as relações sociais de compromisso (patrões,
professor dos filhos, padre, etc.). Depois do Terço a mesa está
posta para a confraternização.
Às vezes há baile.
Se pensarmos que em cada freguesia há pelo menos uma Coroa a ser
honrada, e que cada família movimenta uma vintena de pessoas, nunca
menos, é todo o arquipélago que reza desde o Domingo de Aleluia até
ao de Pentecostes. A solenidade deste Rosário é a mais autêntica.
Nos Açores, dever-se-ia contabilizar os crentes neste tempo de
oração, e não tanto pela assiduidade à missa.
Chora-se quando a Coroa sai de casa, no Domingo a seguir.
A casa como
que fica vazia.
Na verdade, ela deixará de ser tão metonimicamente o altar da
Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Retiram-se os castiçais
emprestados, os solitários onde as flores brancas murcham, que até
mesmo as de papel vegetal parece que amareleceram. Tem-se
a impressão de acordar dum sonho; há um silêncio de dia seguinte a
enterro.
Não me parece que desfazer o presépio toque tão no íntimo e creio
saber porquê: todos têm um Menino Jesus numa caixa de sapatos
guardada na arrecadação ou no sótão; ao invés,
a Coroa do
Espírito-Santo não é de ninguém e visita toda a gente. Vem de fora e
vai para fora… é transcendente.
Fantasia-se muito
sobre o suposto paganismo que impregna o culto ao Divino nas ilhas
dos Açores. Elabora-se demasiado, a meu ver, sobre a leitura
socio-política de sabor revolucionário do culto ao Divino nas ilhas
dos Açores. Há sombra do Tentador na leitura que opõe o povo ao
poder eclesial à custa do culto ao Divino nas ilhas dos Açores. O
povo açoriano não é revolucionário e, que se saiba, não extrapola do
culto para uma efectiva transformação social, à imagem do que dizem
ser a proposta subjacente ao culto. O atrito que, por vezes,
acontece entre o mordomo e o padre é típico de qualquer
relacionamento social, não é em nada superior ou significativo… era
para já não haver padres, ou mordomos!
A propósito: nem
Joaquim de Fiore foi alguma vez tido por herege, nem os Franciscanos
perseguidos por sincretismo.
Isto acontece porque
se avalia a festa com base nos festejos de rua, confundindo a casa
com o mundo, o exterior com o interior, a florescência com o
enraizamento.
Felizmente os turistas não entram para tirar fotografias aos
altares, enquanto se reza o Terço; porém,
é de lamentar que
aqueles que estudam o culto ao Divino bastas vezes não tenham, vamos
dizer, a experiência rural e popular necessária à cabal compreensão
dos ritos.
São quase sempre mentes citadinas e aburguesadas, com formação
académica na área positivista das Ciências Humanas, quase sempre
avessas às profundezas do Espírito, que desconhecem, num tempo em
que a catequese foi trocada por um sincretismo de sabor
antropológico, em nada próximo das alturas da fé. Estudam as
manifestações populares como estudariam outro fenómeno “natural”
qualquer… ou assim o pretendem, orgulhosos desta suposta “objectividade”.
Acresce o facto de o povo não ter o hábito de se abrir aos
estranhos, embora a cordialidade assim o faça parecer. Toma-se,
pois, a nuvem por Juno.
O povo açoriano
é, no seu íntimo, católico-apostólico-romano. Dá cartas no
conhecimento da sua fé e
isto vê-se muito bem
no preparo dos altares para o “oferecer do Terço”.
Não se pode insistir nos aspectos subliminares inconscientes quando
as presenças conscientes são desta forma explícitas.
Não é legítimo
sublinhar a leitura como que marxista do Bodo, quando se desconhece
os “Actos dos Apóstolos” e o restante da Bíblia, ritualizado em cada
símbolo.
Rezam-se os Mistérios cristãos sem nenhuma revolta ou
subentendido, a ladainha a Nossa Senhora… pede-se pelas almas do
Purgatório…
O povo açoriano
continua a ser católico-apostólico-romano e é disto que trata as
festas do Espírito-Santo. O resto são curiosidades comparativas de
culturas e nada mais.
Porque uma coisa é a cultura, outra a religião; e as religiões
não são todas iguais. O Catolicismo é a única que trata do
Amor, dum Amor tão grande que leva o próprio Deus a encarnar para
redimir Adão (Mistérios Gozosos: Segunda e Quarta-feira), que foi
criado para amar e esperar a vida eterna (Mistérios da Luz:
Quinta-feira), e não para sofrer e morrer (Mistérios Dolorosos:
Terça e Sexta-feira), mas para ser glorificado (Mistérios Gloriosos:
Domingo). Esta é a Narrativa semanal feita de joelhos em frente aos
altares da Coroa de prata. Tudo o mais são acidentes culturais,
filosoficamente falando; variantes formais duma essência que é a
mesma desde antes das ilhas serem descobertas. O povo sabe que o
Reino de Deus não é deste mundo, tal como sabe que o deve preparar e
mostrar aqui, antes da morte e da ressurreição para o Juízo Final.
A cultura está ao nível do entendimento, já não ao nível espiritual.
Esta diferença é muitíssimo importante: ao nível do entendimento o
ser humano está no patamar lógico e psicológico, apenas humano,
digamos assim; aqui se cruzam as influências que viajam no espaço e
são substituídas no tempo – é neste degrau que a sociologia, a
antropologia e afins têm direito ao discurso categorial. Mas ao
nível espiritual o ser humano não está sozinho e o povo sabe-o bem,
declarando-o com a frase:
«Com o Senhor
Espírito-Santo não se brinca».
Os cânticos reflectem esta diferença abissal entre a ciência dos
homens e a Sabedoria de Deus, que os Doutores não entendem mas
as crianças aceitam com naturalidade e, por isso, são coroadas.
O drama para a religião tem sido que, nos últimos séculos, a
ignorância dos Doutores tem-se vindo a deteriorar progressivamente,
à medida que as Humanidades deixaram de ser o protótipo da
excelência do Conhecimento, trocadas pelas engenharias, economias e
todas as demais técnicas e metodologias de inspiração materialista,
que reduzem a filigrana da Sabedoria a um arrazoado de disparates,
apenas porque do sublime ao ridículo vai um só passo, e passo fácil
de ser dado – e que há de mais caricatural do que o sublime?
Veja-se dois exemplos destes cânticos, entoados enquanto as
crianças são coroadas, no fim da missa (estranhamente, não há
uma imagem sequer deste momento de clímax… embora haja duas da Saída
da Coroação e uma terceira da Procissão para o Jantar da Função…):
Vinde, Espírito Paráclito
Nossas almas visitai
Enchei-nos da Vossa Graça
E os corações alentai.
Vós ó Consolador nosso
Sois o dom de Deus Senhor
Sois a fonte de água pura
Fogo vivo, ardente amor.
Sois do Pai o Prometido
E a fortaleza dos santos
Concedei aos fiéis vossos
Os sete dons sacrossantos.
Dai a luz à inteligência
Fortalecei a vontade
Com o Vosso amor sanai
A nossa fragilidade.
Livrai-nos do inimigo
Em vossa paz nos guardai
Para rejeitarmos o mal
Os nossos passos guiai.
Que nós sempre confessemos
Ao Pai e a Cristo Senhor
E a Vós Espírito-Santo
Fonte de todo o amor.
Se este já é notável pela sua ortodoxia (Cf. a terceira quadra:
«Sois do Pai o Prometido… etc.»; e a última); o segundo como que o
desdobra e especifica:
Vinde, Espírito Divino
Celeste Consolador
E realizai nas almas
As obras do vosso amor.
Vinde, Espírito Divino
Com o dom da Sapiência
Ensinar a distinguir
A Verdade da aparência.
Vinde, Espírito Divino
Com o dom da fortaleza
Fazer crescer nossa fé
Com invisível firmeza.
Vinde, Espírito Divino
Vinde ao meu coração
A mostrar-nos o caminho
Que conduz à salvação.
Dai certeza aos nossos passos
Luz aos nossos pensamentos
Para que sejam conformes
Com os vossos mandamentos.
Para que todos unidos
No fogo da caridade
Sejamos irmãos agora
E por toda a eternidade.
Neste hino não há uma única quadra que não enuncie um princípio
específico do Cristianismo mais puro, impossível de ser confundido
com seja qual for a outra religião que se queira, muito menos com as
religiões primitivas do culto da terra – ou outro qualquer enunciado
revolucionário pré-comunista.
Para começar, bem
claro se deixa tratar-se duma revolução interior de carácter
espiritual («E realizai nas almas/ As obras do vosso amor»), que
respeita ao discernimento entre a concepção mundana da realidade e a
Sabedoria divina, o Espírito- Santo, em Pessoa («Com o dom da
Sapiência/ Ensinar a distinguir/ A Verdade da aparência»). Não há a
menor dúvida sobre o tratar-se dum assunto de Fé («Com o dom da
fortaleza/ Fazer crescer nossa fé/ Com invisível firmeza») numa vida
para além da morte onde, tal como prometeu o Mestre, seremos
julgados de acordo com as nossas obras («Vinde ao meu coração/ A
mostrar-nos o caminho/ Que conduz à salvação»), que devem reger-se
pela Verdade Revelada («Luz aos nossos pensamentos/ Para que sejam
conformes/ Com os vossos mandamentos»); só à Verdade Revelada se
fica a dever a ritualização que da festa é visível («Sejamos irmãos
agora/ E por toda a eternidade»).
Dá-se que o povo português pode ser humilde e discreto, como
aprendeu a ser, e ainda bem, com o cristianismo de pendor
franciscano… mas a pobreza franciscana não é sinónimo de idiotia,
tal como a pureza não significa ingenuidade. Vem isto a propósito de
o povo saber que, no mundo de César, dificilmente se vir a
concretizar o Bodo. O povo repete muitas vezes esta lição que lhe
vem de longe: «Pobres, sempre os tereis convosco» (Jo 12, 8). Os
Convidados do Imperador vêm assistir a uma representação do Céu e
não da terra. Se assim não fosse, há muito que, nas ilhas,
viveríamos uma espécie de teologia da libertação, ou numa espécie de
comuna ou ajuntamento anárquico. Contudo, depois da festa, o povo
açoriano volta para as suas casas em paz, efectivamente iluminado
pelos dons do Espírito-Santo, sem revoltas sociais enganosas e sem
nódoa suave que seja de panteísmo.
Fui convidado pela primeira vez este ano a “oferecer o Terço”;
precisamente neste mesmo ano em que terminei o Doutoramento (que
versa, no fundo, sobre estes assuntos), precisamente neste ano em
que me convidam a escrever para este catálogo. Não é a primeira vez
que falo sobre as festas maiores da minha terra. Também já deambulei
sobre o joaquinismo, sobre os pilares económico-político-jurídicos
subjacentes ao Culto. Etc. Quero com isto testemunhar que, ao mais
alto nível da crença, se é enredado pela teia elaborada das
ideologias do nosso tempo. O Espírito- Santo é mais complexo do que
se pode supor. Em nenhum outro ano teria estado à altura de tal
honra, que agradeço ao Paráclito, que quer dizer “Advogado de
defesa” – Consolator é o título que dei à tela que me encomendaram
para uma exposição colectiva que pretende variar artisticamente o
Divino… este ano, também este ano. É caso para dizer que me saiu um
peloiro… Tudo altares à Santíssima Trindade, como aqueles que fazia
na infância, atrás das portas, onde depositava uma coroa feita com o
cartão das caixas de sapatos. Tenho um grande poema sobre este
assunto, e vem a propósito citálo, para encerrar:
ALTAR AO DIVINO ESPÍRITO-SANTO
Mário Cabral, Casa das Tramóias em restauro, S. João A.D. 2002
Outros coleccionavam carrinhos em miniatura enquanto Entretanto eu
construía altares ao Divino Espírito Santo
Atrás da porta de vão fundo e degrau alto, o quarto chamado
cor-de-rosa
Da casa antiga que amei ao ponto de me cair em cima em forma de
cruz.
Desde sempre procurei a frescura do sacrário, recordação pré-natal
Ou influência de Elias, é difícil discernir, mesmo para mim próprio.
E, no entanto, toda a minha vida tem sido um afastar-me de mim
Seja qual for o ângulo em que me contemple (este verbo seja
desdobrado)
Por dever que tenho sempre e sempre pelo mais ajustado.
Gélidas mãos de corpos invisíveis me guiam com ciência e determinada
escolha
Terá sido a Natureza a desejá-lo? Certo é que as vozes — não me
canso de repetir
Ouço anos para trás e para a frente, basta-me fechar serenamente os
olhos.
Montava a Coroa com fitas de cartão recortadas em caixas de sapatos
E nunca me piquei nos espinhos; os sapatos, sim, eram apertados
Meu Pai esquecido de que eu crescia, mesmo assim, embora por engano.
Bem no meio da cortina do riso das Tramóias, esta sim um duche de
picos
Elas intuíam sem grande discernimento que os antepassados me
rondavam
Me estavam a vender aos anjos. Vieram ainda em vida a confirmá-lo.
Meu Pai bem que tentou, desesperado, tentou entusiasmar-me pelos
carrinhos
Em miniatura: uma carrinha branca que abria as portas, um jipe azul,
Uma fragoneta que veio da América, uma cópia exemplar de um baleeiro
Que o rapaz deixava afundar-se no tanque, este rapaz parece tolo,
não é que
Atirou o anel de oiro para o fundo do talhão? Era para ver o
refulgir da luz
Pelas águas cada vez mais fundas e mais negras e mais alma...
Subtilmente ia sendo raptado pelas presenças inefáveis, como se pode
ver,
Foram-me levando cada vez para mais longe da evolução do meu corpo
Mas este corpo, por ironia, foi o mais perfeito de todos entre seus
pares
Muitíssimo superior aos daqueles que coleccionavam carrinhos em
miniatura.
Um dia, jovem Adónis, despi-me por completo sobre uma falésia
altíssima e declarei:
— Os anjos roubaram o meu corpo. Preciso do meu corpo para amar as
mulheres
Invejo o corpo dos homens para este efeito. Mas nunca é a mesma
coisa
Sombra que baralha Eros, o primeiro entre os deuses imortais.
Bendito
Oh bendito pela coragem o corpo que me roubar a Deus... será
fulminado!
Anjos, dêem-me de volta o meu corpo roubado em tão tenra idade
Repito e torno a repetir. Mas Deus é ciumento e possessivo
Naquele em que toca jamais alguém pode tocar e eu se toco incendeio
e se me tocam
Desprezo por uma lei que me parece pertencer à primeira casa do
Desejo.
Desde então adivinho o futuro sem o saber no acto
Prova-o o altar real que mandei levantar ao Paráclito
Sete são os degraus dele, um por cada membro decepado.
Bem vistas as coisas, porém, não sei se quero o meu corpo
Pois a minha cabeça atira-se para trás como a dos reis míticos
E à minha passagem todo o mortal pressente a eternidade.
E assim vou vivendo ao ritmo das mortes familiares, cada um destes
ciclos
Tem o nome do cão que reina no intervalo, não preciso de relógios,
eu,
Que os colecciono, vitória de meu Pai, sobre os brinquedos e os
anéis.
Pouco a pouco fui aprendendo a baptizá-los à proporção:
Árgus, o cão de Ulisses, Kronos, por causa do fascínio relojoeiro,
Excalibur (Parsi-fal, Parsi-fal), Anubis, por fim...
E um dos maiores (Azorka, «estrelinha», em Humilhados e Ofendidos)
Atreveu-se a dormir comigo na cama da infância o dogue
Deita a enorme cabeça sobre o meu coração e nunca baixa as orelhas
Proibindo usurpações. Olho para S. Francisco, sobre a cómoda
restaurada de minha avó
Senhor, eu não sou digno, que entreis em minha morada. E adormeço.
Antes de adormecer choro de mansinho, no escuro. Andei tanto, ó
Paráclito
E para quê, se tenho a mesma altura e a porta permanece ainda a
mesma?
À laia de conclusão deixem-me confessar que procurei por toda a
parte as tentativas
As frustradas tentativas do meu saudoso meu Pai
Atrás dos guarda-fatos embutidos, nas falsas por debaixo das
escadas,
Nos alçapões do sótão trancados com teias multisseculares...
Uma camioneta azul, uma carrinha branca, uma fragoneta que veio da
América
Um baleeiro copiado ao pormenor... despejei a água do talhão mas não
vi nenhum anel.
Mas parte de mim é tua, papá, e o resto foi sem que me desse conta,
foi sem querer!
A Paz. Conheço esta brisa suave, Elias, e a multidão invisível que
não me larga
Insiste em recordar-me algo que tenho de fazer relacionado com antes
de ter nascido.
Já lhes disse vezes sem conta: sou o único herdeiro e a casa deve
ser restaurada.
Eles, então: Levanta, então, os muros mesmo aqui.
Um dia, estou certo, as raízes das árvores do meu jardim encontrarão
a folhagem
E pelo meio eu serei a seiva, o anel de rubi reencontrado. |