Impérios da Ilha de São Jorge

São Jorge (17)

 

Império do Espírito Santo da Beira Beira
Império do Espírito Santo Biscoitos
Império do Espírito Santo Calheta
Império do Espírito Santo Fajã dos Vimes
Império do Espírito Santo Loural
Império do Espírito Santo Manadas
Casa do Espírito Santo Norte Grande
Império do Espírito Santo Portal
Império do Espírito Santo Ribeira Seca
Casa do Espírito Santo Rosais
Império do Espírito Santo Santo Antão
Império do Espírito Santo Santo Antonio
Império do Espírito Santo Toledo
Império do Espírito Santo do Topo Topo
Império do Espírito Santo Urzelina
Império do Espírito Santo Velas
Império da Trindade Velas

 

Trajos da Festa do Divino Espírito Santo – Ilha de São Jorge – Açores

 
As celebrações em honra do Divino Espírito Santo foram amplamente difundidas por intervenção da Rainha Santa Isabel que lançou as bases do que seria a Congregação do Espírito Santo, movimento de solidariedade cristã que em muitos lugares do reino absorveu as primitivas festas pagãs. O ponto alto das festividades que juntava ricos e pobres sem qualquer distinção ocorria no Domingo de Pentecostes, existindo relatos que referem uma refeição, “bodo”, dados aos pobres no dia de Espírito Santo.
O espírito de solidariedade e o propósito de partilha fraterna, características desta refeição, dada a todos os necessitados, foram, sem dúvida, contributos fundamentais para a expansão e o enraizamento deste culto popular. No continente, a celebração do Espírito Santo mais conhecida é a Festa dos Tabuleiros em Tomar, mas esta devoção se espalhou pelas Ilhas da Madeira e dos Açores.
No arquipélago dos Açores, o culto do Espírito Santo revestiu-se de formas muito próprias, como erguer os impérios (pequenos edifícios, onde se realiza parte da festa e onde se expõem as insígnias próprias ao Espírito Santo).
No terreiro em frente a cada império tem lugar o “bôdo”, a grande refeição comum, intensamente participada não só pelos residentes locais, como pelos emigrantes que regressam anualmente para celebrar as festividades.
O trajo que de seguida se descreve é usado nos arraiais do Domingo do Divino Espírito Santo e no Domingo da Santíssima Trindade, em todos os impérios da Ilha de São Jorge.
O homem usa o seu trajo domingueiro, sobre este, coloca aos ombros uma toalha de algodão branca com rendas a toda a volta.
A toalha é dobrada de forma especial e sobre ela são colocados ramos de flores de papel, sendo a verdura geralmente natural.
Antigamente o fato era de boa baeta, hoje é de fabrico industrial normal. A camisa deve ser de pano alinhado branco. O colarinho é baixo e as mangas são franzidas nos punhos e fecham com um botão.
Este trajo é usado pelo «cavaleiro» e pelos «passeadores», que vão ao lado da bandeira. Existe também o «trinchante», o homem que está no império ajudando a fazer as ofertas do doce que é depois distribuído por todo o povo. Este serviço é denominado «Serviço da Coroa» e varia de freguesia para freguesia.
Existem lugares em que se colocam flores nas costas do casaco e laços de fita vermelha na toalha.
De realçar a primorosa renda utilizada nas toalhas, executada manualmente por mão hábeis e devotas.

Também às mulheres é atribuido um papel importante nas Festas do Divino Espírito Santo nos Açores. A rapariga que usa este trajo tem como função o transporte das oferendas, mais concretamente, dos bolos de «Véspera».
É composto por uma saia de quatro panos, avermelhada, confeccionado em tecido denominado “fiampua”. A saia possui um cós e uma abertura lateral.
É guarnecida, um pouco acima da baixa, com motivos a ponto de “repasso”. A blusa é de algodão estampado, com peitilho de decote redondo com cós alto, sobreposto pelas frentes e adornado por golas. As mangas são franzidas sobre os ombros e estreitas em baixo, alargando na parte superior. Na cabeça colocam uma toalha rectangular de linho, decorada com renda alta, caindo pendente sobre o tronco. Sobre esta é colocada uma carapuça de baeta azul, orlada a vermelho, com duas rosetas de seda sobre as orelhas.
Calça meias de lã branca e sapatos de sola de correola (espadana) com cortes de baeta bordada a pé-de-flor.
Transporta um pequeno cesto de vime, forrado com uma pequena toalha, onde são colocados os bolos de «Véspera», cozidos pela festa do Espírito Santo, ornamentados com flores naturais.
Referência Bibliográfica: Tomaz Ribas in O Trajo Regional em Portugal, Difel, 2004